terça-feira, 26 de novembro de 2013

O dublê de Messi

A lesão de Messi muda a vida de Neymar. No sábado, contra o Granada, o técnico argentino Tata Martino escalou o brasileiro de centroavante. Ou melhor, de falso 9. No mesmo lugar onde Messi costuma confundir as defesas rivais.
Neymar não é centroavante nem ponta-esquerda. É ponta-de-lança. Pode partir da beirada do campo em direção ao gol, como fazia no Santos, ou da intermediária para tentar o drible antes de invadir a área. Nos dois casos, Neymar é melhor quando vem de trás, com espaço.
Mas, pela terceira vez, jogou como centroavante, na função que Messi exerce com brilho e que outros técnicos tentam copiar pelo planeta.
Messi é único. Se fica entre os zagueiros, o zagueiro não sabe se o acompanha. Se vai atrás do argentino, abre espaço na defesa. Se não vai, a marcação fica com o volante, que também fica em dúvida. Se o cabeça-de-área recua um passo para marcar o melhor do mundo, abre espaço para Xavi e Iniesta criarem.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Fabregas é quem faz a função de reserva de Messi mais vezes e melhor. Neymar jogou assim três vezes. Levou nota 8 do jornal espanhol Marca contra o Valladolid, quando fez dois gols.
Contra o Celtic, na Escócia, mereceu nota 7. Teve atuação média, mas causou a expulsão do escocês Brown. Ajudou a decidir a partida. Sábado, recebeu 5,5. Não jogou tão bem.
O Barcelona costuma reclamar daquilo que apelidou de vírus FIFA. Quem volta das seleções nacionais lesiona-se ou joga mal, cansado pelas longas viagens.
A atuação discreta de Neymar no sábado pode ter essa razão também. Isso não exclui que se pense sobre a melhor maneira de utilizá-lo. Mano Menezes gostava de tê-lo de centroavante e justificava: "É o melhor finalizador do Brasil e precisa ficar perto do gol!"
Felipão prefere deixá-lo atrás do centroavante, algumas vezes pelo meio, outras pela ponta esquerda. Nos dois casos, tem liberdade para circular pelo ataque inteiro, para decidir jogos.
Hoje, esse parece o melhor jeito de utilizar o melhor jogador brasileiro da atualidade.
Há uma dualidade. Quando Messi não joga, fala-se mais de Neymar. Torna-se a maior atração do Barcelona, mais do que Iniesta, Xavi e Fabregas. Mas quando Messi joga, Neymar pode atuar do jeito que mais gosta. Marca um pouco mais os laterais, mas parte da intermediária para decidir jogos.


As duas situações mostram que Neymar ainda não é Messi. Ainda não briga para ser o melhor do mundo. Procura-se um novo Messi em seu período de lesão, mas ele não existe. O que existe é Neymar. Seu brilho é intenso. Mas diferente.