O presidente Paulo Nobre trabalha com as regras do mercado
financeiro. A lógica é ganhar bônus por vitórias e ter salário mais
baixo. A insatisfação de Gílson Kleina com a proposta de redução
salarial até foi driblada com a tentativa de aumentar um pouco a
proposta inicial do Palmeiras. Mas o presidente é irredutível quanto aos
valores.
Para ter ganhos semelhantes aos da temporada passada,
não bastaria a Kleina ganhar um título, o Paulistão. Teria de ganhar a
Copa do Brasil e colocar o clube na zona de classificação da
Libertadores. A parte profissional da diretoria, Omar Feitosa e José
Carlos Brunoro, negocia a ampliação desses ganhos. Julgam que o melhor
caminho é a permanência do treinador campeão da Série B.
A
conversa longa também gera desgaste. Especialmente porque as notícias da
negociação têm vazado, como o Palmeiras não gostaria que estivesse
acontecendo.
Mesmo entre eles, há argumentos favoráveis aos ganhos
por resultados. Julga-se que o mercado brasileiro compromete os
treinadores com as derrotas. Os salários são altos e a as multas
maiores. Perder leva à demissão e à rescisão unilateral do contrato. Ou
seja, o técnico ganha mais para perder do que para vencer.
Não deixa de ser verdade.
A
questão é como mudar essa tendência isoladamente. O Palmeiras pode
perder Kleina e não ter técnicos de primeiro escalão no mercado.
Jorginho e Caio Júnior são as alternativas do que (talvez) aceitem
receber o valor proposto a Gílson Kleina. Técnicos empregados em clubes
menores e que levaram seus clubes à parte de cima da tabela já
sinalizaram que não aceitariam a pressão do Palmeiras nem sequer pelos
R$ 300 mil que Kleina recebeu este ano. Uma coisa é trocar Gílson Kleina
por Felipão, por Marcelo Bielsa, por Pep Guardiola.
Outra é fazer a mudança sem ter um plano B.