Messi admitiu nas redes sociais que não joga atualmente no ápice de sua forma física. Os jornais espanhóis dizem que parece ter medo de se machucar.
Isso atrapalha o Barcelona. Líder invicto do Campeonato Espanhol, o Barça se sustenta pelos números, mas ninguém assiste ao time de hoje sem comparar com o passado.
Não é fácil dizer quando um time histórico deixou de existir. O Santos de Pelé durou dezoito anos, mas foi preciso atentar para os momentos em que uma equipe se esgotou e era o momento de iniciar outra. Os bicampeões mundiais de 1963 não foram tricampeões paulistas em 1969. Os times eram diferentes.
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O Barcelona atual não é igual ao de 2011, campeão da Europa e do mundo. Este pode ser tão bom quanto, ou até melhor do que aquele em breve. Mas é outro.
O repórter Ramon Besa, do diário "El Pais", escreveu ontem que no passado Messi dava sustentação ao Barcelona. Agora é o inverso. É o time que sustenta Messi.
Só será assim enquanto o melhor jogador do mundo não tiver suas melhores condições físicas. Mas é assim atualmente. Neymar beneficia-se dessa pequena queda.
Nas doze rodadas da Liga Espanhola, Messi marcou oito vezes e deu quatro passes para gol. Neymar participou de dois gols a menos. Marcou três, deu sete passes, mas é o líder de assistências do campeonato. Não é correto dizer que Neymar é mais importante do que Messi. Mas é justo lembrar que Neymar ofuscou-o nos dois últimos jogos.
"A adaptação do brasileiro foi perfeita. Soube ser reserva, caiu como uma luva quando foi titular e tornou-se decisivo nos jogos grandes, a Supercopa, o clássico contra o Real Madrid e o dérbi contra o Espanyol", escreveu o "El Pais".
Está implícita a crítica ao Barcelona da temporada passada, que foi estupendo no meio da campanha e frágil nas partidas decisivas. No Brasil, Neymar nunca falhou nesses jogões.
Uma questão sobre Messi é entender até que ponto pode poupar-se dos problemas físicos agora para brilhar na Copa do Mundo.
Os italianos sempre suspeitaram que Zidane poupou-se na temporada 1997/98, pela Juventus, para arrebentar no Mundial da França. No caso de Messi, não é provável.
O fato é que Messi convive com problemas físicos e isso tem servido para reforçar a confiança de Neymar. Aos poucos, o brasileiro vira ponto de referência de um time que controla menos o jogo com a posse de bola e agride os adversários um pouco mais do que no passado. Neymar sempre encaixou-se melhor nesse segundo estilo.
Ninguém espera que Neymar seja o protagonista no Barcelona de hoje. A discussão é se os dois --Messi e Neymar-- chegarão à Copa do Mundo no auge. Nesse caso, o convívio atual pode virar uma disputa saudável. Pode valer o lugar no trono de melhor jogador do mundo no final de 2014.