terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Barça de Neymar

Messi admitiu nas redes sociais que não joga atualmente no ápice de sua forma física. Os jornais espanhóis dizem que parece ter medo de se machucar.
Isso atrapalha o Barcelona. Líder invicto do Campeonato Espanhol, o Barça se sustenta pelos números, mas ninguém assiste ao time de hoje sem comparar com o passado.
Não é fácil dizer quando um time histórico deixou de existir. O Santos de Pelé durou dezoito anos, mas foi preciso atentar para os momentos em que uma equipe se esgotou e era o momento de iniciar outra. Os bicampeões mundiais de 1963 não foram tricampeões paulistas em 1969. Os times eram diferentes.
Editoria de Arte/Folhapress
O Barcelona atual não é igual ao de 2011, campeão da Europa e do mundo. Este pode ser tão bom quanto, ou até melhor do que aquele em breve. Mas é outro.
O repórter Ramon Besa, do diário "El Pais", escreveu ontem que no passado Messi dava sustentação ao Barcelona. Agora é o inverso. É o time que sustenta Messi.
Só será assim enquanto o melhor jogador do mundo não tiver suas melhores condições físicas. Mas é assim atualmente. Neymar beneficia-se dessa pequena queda.
Nas doze rodadas da Liga Espanhola, Messi marcou oito vezes e deu quatro passes para gol. Neymar participou de dois gols a menos. Marcou três, deu sete passes, mas é o líder de assistências do campeonato. Não é correto dizer que Neymar é mais importante do que Messi. Mas é justo lembrar que Neymar ofuscou-o nos dois últimos jogos.
"A adaptação do brasileiro foi perfeita. Soube ser reserva, caiu como uma luva quando foi titular e tornou-se decisivo nos jogos grandes, a Supercopa, o clássico contra o Real Madrid e o dérbi contra o Espanyol", escreveu o "El Pais".
Está implícita a crítica ao Barcelona da temporada passada, que foi estupendo no meio da campanha e frágil nas partidas decisivas. No Brasil, Neymar nunca falhou nesses jogões.
Uma questão sobre Messi é entender até que ponto pode poupar-se dos problemas físicos agora para brilhar na Copa do Mundo.
Os italianos sempre suspeitaram que Zidane poupou-se na temporada 1997/98, pela Juventus, para arrebentar no Mundial da França. No caso de Messi, não é provável.
O fato é que Messi convive com problemas físicos e isso tem servido para reforçar a confiança de Neymar. Aos poucos, o brasileiro vira ponto de referência de um time que controla menos o jogo com a posse de bola e agride os adversários um pouco mais do que no passado. Neymar sempre encaixou-se melhor nesse segundo estilo.


Ninguém espera que Neymar seja o protagonista no Barcelona de hoje. A discussão é se os dois --Messi e Neymar-- chegarão à Copa do Mundo no auge. Nesse caso, o convívio atual pode virar uma disputa saudável. Pode valer o lugar no trono de melhor jogador do mundo no final de 2014.