Vasco e Fluminense, separados por pífios saldos negativos, estão ali, no purgatório, ambos sem saber se subirão ao céu da Primeirona ou se afundarão de vez no inferno da Segundona. Triste situação a dos dois. Triste e imperdoável. Desde o ano passado, quando torci à distância para que o Palmeiras não caísse, tenho deixado claro minha posição de não admitir que clubes de grande torcida, tradição, história e títulos conquistados, caso do Palmeiras (e agora de Vasco e Fluminense) tenham o direito de mandar a campo um time sem condições de se manter, pelo menos, entre os 16 primeiros de um campeonato de 20. Não mesmo. Ninguém é obrigado a ser campeão. Sequer se exige que seu concorrente acabe entre os quatro primeiros, rumo à Libertadores. Mas não ficar entre os quatro últimos é mesmo obrigação.
O Vasco deu uma respirada, ligeira respirada, ao vencer o Coritiba. Com novo técnico, o corajoso Adilson Batista (realmente é preciso ter coragem para pegar um time na situação em que se encontra o Vasco), é o primeiro na zona de degola. Perde para o Fluminense por ter um saldo negativo de nove gols, contra os cinco do tricolor. Indigente, não? Paga o Vasco pela crise que se instalou no clube desde o ano passado: perda de jogadores, pagamentos atrasados, mudanças de técnico e, mais que tudo, um time medíocre.
Os jogos do fim de semana deixaram a impressão de que o Vasco está menos mal que o Fluminense, apesar dos quatro gols que os separam. Não tanto por ter vencido o Coritiba, mas pela consciência que os jogadores e seu novo técnico tem de suas limitações e da necessidade de superá-las. Já o Fluminense, empata com a Ponte Preta no Maracanã e Luxemburgo acha o resultado bom; perde de virada para o Vitória, também no Maracanã, e Luxemburgo se conforma porque seu time "foi melhor"; é derrotado num Fla-Flu onde a vitória era fundamental e Luxemburgo encara o resultado como "normal". Afinal, era um clássico. Outros dados devem ser acrescidos à falta de consciência tricolor: seu presidente vê o time "em grande evolução", enquanto o gestor, tão incensado, não diz nada. Logo ele, um dos responsáveis pelo planejamento que deveria levar o campeão de 2012 a, no mínimo, não estar hoje ao lado do Vasco. No purgatório.