segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cruzeiro ganhou duas vezes o campeonato brasileiro, do qual o São Paulo é o único tri

Em 26 de março de 2009 escrevi sobre a polêmica da unificação dos títulos brasileiros, que no ano seguinte foi oficializada por Ricardo Teixeira. Uma canetada que agrediu a história e tentou transformar competições diferentes na mesma coisa. Um factóide criado pelo então presidente da CBF que funcionou muito bem como cortina-de-fumaça para ofuscar assuntos muito mais sérios que se avolumavam. Até que o dirigente deixou o Brasil e foi morar em Miami.
Pois aquela canetada dada por Teixeira é aceita por muitos como se reescrevesse a história. Ele bem tentou fazer isso, não que tivesse alguma preocupação com o passado. Mas foi conveniente ampliar o número de campeonatos brasileiros conquistados por clubes populares e de muita mídia, causando confusão e dividindo atenções. Ingênuos e tolos engolem tal balela até hoje e repetem que "a CBF recohece", como se a CBF merecesse tamanho crédito e respeito. Reconhece? E daí?
Com o inquestionável título do Cruzeiro, volta a discussão sobre se o clube é "bi" ou "tri". Na realidade, tricampeão do campeonato brasileiro só existe um até hoje: o São Paulo, que ergueu a taça em 2006, 2007 e 2008. O dicionário não deixa dúvidas: tricampeão é o "indivíduo ou grêmio esportivo campeão três vezes consecutivas". Não conheço outra definição que seja mais convincente. Muito menos essa aí, forjada pela caneta do cartola.
Em 1966 o Cruzeiro ganhou a Taça Brasil, embrião da Copa do Brasil conquistada de forma heróica por Tostão e seus companheiros. Valia como título de âmbito nacional da época, mas não era o campeonato brasileiro. Simples assim. Como em 1888 o West Bromwich Albion ganhou a Copa da Inglaterra, então o título nacional que se disputava no país.
Já o campeonato inglês teria seu primeiro campeão no ano seguinte. Até que em 1920 o West Brom ganhou a primeira divisão pela primeira e única vez. Nem por isso se considera duas vezes campeão inglês, ou "bi". O clube apresenta em seu cartel um título da FA Cup, como também é conhecida a Copa da Inglaterra; e um do campeonato inglês de futebol em sua divisão principal.
Seria até razoável unificar a Taça Brasil dos cruzeirenses com as quatro vezes nas quais o clube faturou a Copa do Brasil. São cinco copas nacionais ganhas pelo time celeste. Mas colocar o certame vencido em 1966 após oito partidas disputadas com os de 2003 e 2013 é uma distorção. E o mesmo vale para Bahia, Palmeiras, Santos e Botafogo, outros campeões dos anso 60.
O que escrevi em 2009 você pode acessar clicando aquiLeia com atenção. Em 2010 o blog voltou ao assunto quando da canetada do então presidente da CBF chamando a atenção para a política e interesseira unificação de títulos — o link está aqui.
Mais importante do que bi ou tri é o título alcançado de forma justa, incontestável, avassaladora. O resto é moder a isca, cair na cilada armada pelo cartola, ignorar os absurdos cebeefianos e jogar a história no lixo. Parabéns ao Cruzeiro. Dois campeonatos nacionais já bastam para superar o Atlético, seu maior rival. E isso vale mais do que a canetada de Teixeira.
Getty
Ricardo Teixeira deu a canetada, criou o tumulto e foi para Miami: você valoriza o que ele fez?
Ricardo Teixeira deu a "canetada", criou o tumulto e foi para Miami: você se guia pelo que determinou o cartola?