quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Marin e Marco Polo cada dia mais lembram a dupla Nabi Abi Chedid-Otávio Pinto Guimarães

Corria o Brasileirão 1986, cujo regulamento previa o rebaixamento para a segunda divisão de todos os clubes que ficassem abaixo do 24o lugar. Pela primeira vez, em 1987, haveria primeira e segunda divisões no campeonato -- antes, as vagas eram de acordo com o ranking dos estaduais, mais ou menos como ocorre hoje com a Liga dos Campeões.
O Vasco classificou-se apertado para a segunda fase, mas o Joinville ganhou na Justiça os pontos de um empate com o Sergipe, por um caso de doping de um jogador sergipano. Com um ponto a mais, os catarinenses eliminaram o Vasco, automaticamente rebaixado para a Segundona de 1987. Eurico Miranda gritou! Os jogos do grupo para o qual o Vasco estava classificado ficaram parados por dez dias até que a CBF criasse uma solução. Depois de muitas brigas, liminares e da ameaça de excluir a Portuguesa -- pobre coitada que não tinha nada com isso, mas tinha um débito em aberto -- veio enfim a solução: classificavam-se ambos, Joinville e Vasco.
O regulamento mudou e, em vez de classificar sete de cada grupo, entraram oito!
Eram tempos em que nada cabia no calendário, porque se fazia mais política do que gols. Tempos de Otávio Pinto Guimarães na presidência da CBF, Nabi Abi Chedid vice.
Nabi e Marin foram adversários políticos no primeiro mandato de Nabi na presidência da FPF. Depois, aliaram-se e caminharam juntos pelos corredores do futebol brasileiro durante trinta anos. Marco Polo Del Nero nessa época era advogado e participava da vida política do Palmeiras. Incrível como Marco Polo e Marin lembram Otávio e Nabi.
Tudo isso para dizer como é absurda a decisão de fazer jogos do Campeonato Brasileiro a cada dois dias, prejudicando Internacional, Náutico, Ponte Preta e até mesmo Santos e São Paulo, causadores do imbróglio pelos jogos adiados em função das excursões à Europa. Desde o início dos pontos corridos, os clubes reclamam por não viajar à Europa. A CBF batia o pé e impedia excursões. Ruim para a marca dos clubes, ótimo para o Campeonato Brasileiro.
As excursões são necessárias, mas só há um jeito de fazê-las: inverter o calendário do futebol brasileiro. Com recesso dos campeonatos entre julho e agosto, excursiona-se. Com jogos amontoados às quartas e domingos, cada um dorme na sua casa. Não há escolha.
Mas Marin e Del Nero escolhem fazer política, dar presentes aos amigos e àqueles de quem pensam em se aproximar. Naquele 1986, o Vasco teve de jogar a cada dois dias, em 5 e 7 de outubro, contra Operário-MT e Piauí. Dá desgosto perceber que o futebol brasileiro voltou trinta anos no tempo.