Saímos do hotel a caminho do estádio às 10h15. Sabíamos que encontraríamos manifestações no caminho e o plano não era entrar no estádio tão cedo. Às 10h45, aproximadamente, encontramos os protestos. Já havia em torno de 3 mil manifestantes, expectativa de 35 mil. Descemos do carro.
Denis Gavazzi, Cícero Mello, Aline Saraiva, Pedro Link de Oliveira, Flávio Ortega e eu. Os que você conhece e os que você não conhece do vídeo.
Estava bonito.
Gente de todos os tipos, pobres ricos, letrados, analfabetos, gente que tatuou no corpo a expressão + Educassão, assim com dois esses propositais, justamente para expressar a falta de cultura.
A multidão se aproximou do cordão de isolamento montado pela Polícia Militar a 1,5 km do estádio. Por três vezes, tentou invadir. Nas três vezes, a polícia reagiu com bombas de gás e tiros de borracha. Ficou tenso.
A polícia não informava o trajeto a ser percorrido pelos ônibus de Brasil e México para chegar ao estádio. Era justo. Não fosse assim, haveria chance de não ter jogo.
Depois da tensão, começamos a tentar seguir por outro caminho ao estádio. Naquele bloqueio dos protestos, nem os credenciados passavam. Seguimos e decidimos parar para comer. Restaurante bom e barato. Cheio de gente com camisas da seleão, prontos para ir ao estádio. Felizes. Estes comiam, não protestavam.
Não os culpe. Há séculos fala-se que há dois Brasis.
Mas vi o terceiro.
Saindo do restaurante, a caminho do Castelão, o bloqueio da polícia parou o carro credenciado e informou que a manifestação havia se deslocado. Estava do lado oposto do estádio. O único jeito era descer e caminhar por cerca de quatro quilômetros.
Caminhar é tranqüilo. O sol é que castiga.
Andei trinta minutos e já perto do estádio vi a cena de ricos e pobres separados por duas calçadas. De um lado, os pobres vendiam cerveja a R$ 3. Do outro a R$ 4. Dentro do estádio, a R$ 9.
O quarto Brasil de arrepiar, foi a hora do hino. A banda parou na primeira metade da primeira parte. O estádio continuou. Chorei!