EFE
Fred comemora o gol do Fluminense sobre o Emelec em São Januário
Fred comemora o gol do Fluminense sobre o Emelec em São Januário
O campeão brasileiro tem Fred. Minimalista e decisivo. Uma finalização, o gol que o Fluminense precisava. Também segurou os zagueiros do Emelec e reteve a bola na frente enquanto teve fôlego em sua volta ao time. Mesmo fora de forma impõe respeito.

Diego Cavalieri mantém regularidade impressionante. Em São Januário, ainda contou com as finalizações imprecisas ou fracas dos atacantes adversários e não trabalhou como de costume para compensar o desequilibrado sistema defensivo.

Jean marca, joga e torna o meio-campo tricolor dinâmico. Também cobra faltas e colocou a bola na cabeça do artilheiro tricolor no primeiro tempo.

O volante se sacrifica pelo time. Com Valencia e De Jesus explorando o lado esquerdo, foi auxiliar o lento Leandro Euzébio na cobertura - difícil entender por que Digão, zagueiro bem mais rápido, não foi deslocado - enquanto Edinho vigiava o bom meia-atacante argentino Mondaini do lado oposto. No final, voltou a ser lateral direito com a contusão de Bruno e a entrada de Diguinho.

O Flu conta com Carlinhos, lateral que ganha liberdade total de Abel Braga. Joga como ala, mesmo em uma linha de quatro na retaguarda. Se cria problemas atrás, apesar dos sete desarmes corretos, o camisa seis ataca com desenvoltura. Aproveitou o corredor deixado por Wagner, deslocado pela esquerda para Thiago Neves entrar no centro da articulação do 4-2-3-1, e foi o único a dar profundidade às jogadas.

Com a má fase de Wellington Nem, referência de velocidade na frente, o time procura Carlinhos. Ele vai ao fundo, apoia por dentro e ainda aparece para fazer o gol do alívio. Sentimento que move o torcedor tricolor desde a conquista do título nacional em 2012.

Olho Tático
Jean ajudou Euzébio pela esquerda na cobertura a Carlinhos, que foi a referência de velocidade do Fluminense na frente.
Jean ajudou Euzébio pela esquerda na cobertura a Carlinhos, que foi a referência de velocidade do Fluminense na frente.

Porque o Flu é forte, porém não empolga nem é confiável. Tem personalidade em jogos decisivos e talentos que desequilibram. Pode até vencer a Libertadores jogando desta maneira. Mas continua sem solidez.

A equipe desce em bloco, mas tem poucas jogadas combinadas. Quando perde a bola, até Fred dá combate. No entanto, as linhas não são compactas e bem coordenadas.

Por isso o sufoco e as muitas defesas de Cavalieri na maioria das vitórias em grandes jogos. Nos primeiros cinco minutos do segundo tempo, a pressão do Emelec e as chances seguidas poderiam ter complicado de vez uma disputa que, em tese, não parecia tão difícil.

Abel diz que seu time é muito vertical e valoriza pouco a posse da bola, que bate e volta. Sem Deco, suspenso preventivamente por doping, o problema se agrava.

Só com a vantagem numérica depois das expulsões de Achilier e Quiñonez e a entrada de Rhayner na vaga do apagado Thiago Neves, que trouxe Wagner para o centro e abriu o jogo com velocidade pelos flancos, o time se impôs de fato e garantiu a classificação.

Nas quartas-de-final, Tigre ou Olimpia pela frente. Será mais uma vez no limite, com sofrimento? Como superstição, para reforçar a imagem de “time de guerreiros” ou agradar o torcedor que aprecia os triunfos sofridos pode ser válido. Mas até quando?

O Fluminense tem qualidade e entrosamento para fazer mais e melhor coletivamente e levar menos sustos no torneio continental.