sexta-feira, 27 de abril de 2012

O julgamento de Kaká

mais jogar em alto nível. Kaká acabou.

Li, ouvi e refleti sobre cada uma das afirmações após a eliminação do Real Madrid diante do Bayern, com direito à pífia atuação do brasileiro, que começou na reserva e perdeu um dos pênaltis na disputa final.

Vamos aos fatos. O Kaká atual não tem a mesma desenvoltura física, marca do seu futebol. Está tentando reaprender a jogar, se reinventando, obrigado pelos problemas médicos que teve (alguns mal explicados até hoje, por sinal).

O Kaká atual demora mais do que o normal para entrar no ritmo de uma partida. Portanto: não pode ser um reserva. Até ele entrar na pilha da partida, tchau. Isso ficou evidente contra o Bayern. Nos jogos em que começou jogando em 2012, contra adversários mais fracos, é verdade, jogou bem – se encaixando aos poucos ao ritmo dos jogos.

Para continuar na reserva do Real Madrid (e hoje o Real Madrid tem titulares excelentes no meio e no ataque), é melhor (para todo mundo) sair.

E sair significa: baixar de nível e aceitar um clube menor da Europa, voltar ao seu Milan ou retornar ao Brasil. Sim, ao Brasil.

Aqui, num futebol nivelado por baixo tecnicamente, Kaká provavelmente ainda faria diferença. Diferença suficiente para garantir vaga numa seleção brasileira em formação, que não consegue encontrar uma cabeça pensante.

Esse é o Kaká atual e as perspectivas para a reta final de sua carreira.

Mas existe o Kaká de sempre. E o Kaká de sempre exige outra discussão. O Kaká de sempre desperta mais ódio que amor. Ele não tem exatamente carisma. Nunca foi um ídolo nacional (nem ídolo total do time de origem, o São Paulo, ele é), é visto com desconfiança, antipatia – menos pelo povo, e mais pela crítica, pelos jornalistas, pela imprensa.

Talvez por conta da ligação com a religião. Talvez por não ter conquistado uma Copa pela seleção.

Kaká tem alguns pontos a seu favor, pontos que podem fazer alguma diferença nestes últimos capítulos de sua carreira em alto nível. Ele é sério, dedicado, profissional (avesso a baladas), quer vencer, treina, se empenha, justifica seu salário, não se deixa seduzir pelo ‘estrelismo’.

Eu queria um cara desses, mesmo sem o repertório de antigamente, no meu time. Acho que Mano Menezes, em princípio, também pensa assim. E você?