quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pelé não pode pagar mico no Mundial de Clubes

Luís Álvaro de Oliveira deu uma boa sacudida na administração do Santos. Marcou golaços com o título da Libertadores e ao segurar Neymar, pelo menos até a metade do ano que vem. Ou seja, tem desempenho acima do comum da cartolagem. Só que anda tão entusiasmado com a divulgação da marca de seu clube que corre o risco de extrapolar sem se dar conta.
Falo da cisma dele em inscrever Pelé como integrante do elenco que o Santos levará para o Japão, no fim do ano, no Mundial de Clubes. Luís Álvaro levantou a questão, um tempo atrás, e ela soou como uma bela homenagem. Ou brincadeira. Ou ambas as coisas. E ficou por isso mesmo. Não se falou mais no assunto.
E não é que ele voltou ao tema? Em entrevista à Rádio Globo, disse que até já convenceu Muricy Ramalho a aceitar o novo (epa!) reforço. O que mais me preocupa é que aparentemente falou sério. Quer o Rei do Futebol com a 10, no mesmo grupo de Neymar, Ganso, Elano e outros. Ah, sim, claro, no banco de reservas…
Calma lá, presidente! Pelé merece todos os elogios e rapapés que recebe há mais de cinco décadas. Ele foi extraordinário, o maior, inigualável, ídolo querido no mundo todo. Até na Argentina! Seu carisma resiste, mesmo em tempos de redes sociais que criam mitos a cada semana para esquecê-los na seguinte. Mas não precisa pagar esse mico.
Com 71 anos de idade, a serem festejados neste mês, Pelé deve fazer parte da delegação santista, como seu grande símbolo, o embaixador, o porta-estandarte, o talismã. Seja lá qual for a nomenclatura, ela vai lhe cair bem. Só não se pode profanar a 10 que ele consagrou. O bom velhinho jamais pode ser caricatura de si mesmo. Cada um tem seu tempo, mesmo o Rei da bola. O tempo de Pelé nos gramados foi glorioso e inigualável. Mas passou, pertence à História.
O Santos deve apostar em marketing, sem dúvida. Mas sem ser apelativo, ser virar o fio. A melhor publicidade que pode fazer é com a bola nos pés, com futebol à altura de sua tradição. E acreditar na possibilidade de chegar à final e ganhar do Barcelona. Ora, se o Santos de Pelé não era imbatível, por que seria diferente com o Barça de Messi?