segunda-feira, 18 de julho de 2011

Seleção: a partir de agora é ou vai ou racha

Gosto de fazer comentários no blog no calor da hora, assim que terminam os jogos que estou a acompanhar. Mas, no caso da seleção, preferi esperar um pouco, baixar a poeira, ver o clássico Inter x São Paulo, escrever minha coluna no Estadão e depois vir para cá. Não sei se adiantou muito, porque a sensação de desconforto é grande.
 Admito que ainda estou bestificado! Nunca vi uma seleção principal do Brasil perder quatro pênaltis numa decisão. Já vi Zico, Sócrates e Júlio César desperdiçarem chances, em Copa do Mundo, nas quartas de final de 86 contra a França. Mas Zico perdeu no tempo normal, enquanto os outros dois falharam na sequência de cinco cobranças.
Como ocorreu na tarde deste domingo, pra mim é inédito, a não ser que o PVC e o Celso Unzelte, dois malucos enciclopédicos, puxem algo semelhante pela memória. Errar um, até passa, por causa do desgaste da prorrogação. Dois é coincidência, três é nervosismo, quatro é descontrole total. Para não falar em incompetência.
Não tem justificativa, nem dá para falar no excesso de areia. A “areia movediça” tinha também para os paraguaios, que erraram uma vez e acertaram duas. Também não vale o argumento de inexperiência, porque o quarteto que errou é bem rodado. As desculpas que fiquem para a turma de lá – Mano Menezes incluído.
Mas é justamente o treinador que me chama a atenção agora. A seleção não jogou mal contra o Paraguai – ao contrário, fez sua melhor apresentação na Copa América. (O que não significa excelente, pois isso não aconteceu na competição em nenhum momento.) O time criou inúmeras chances, foi pra cima, não se mostrou apático nem presunçoso. O Paraguai desde o começo jogou para ir para prorrogação ou pênaltis. E teve sucesso.
Volto para Mano. Ele precisa aproveitar a experiência da Copa América, que continuo a achar longa, chata e desgastante, para de fato criar uma seleção forte para o Mundial. Tem de botar o dedo na ferida, com precisão cirúrgica e forte dose de autocrítica. Caso contrário, ficará pelo caminho. Ou ele é ingênuo a ponto de acreditar cegamente em promessas de estabilidade feitas por cartolas?
O time não é ruim, mas lhe falta ainda o espírito vencedor, aquela centelha que caracteriza os grupos que brilham. Não vou sair na caça às bruxas, mas da defesa ao ataque há o que melhorar, há o que evoluir. Jogadores precisam amadurecer e outros certamente perderão espaço.
O período de namoro acabou: agora começam as cobranças. Mano sabe disse e deve preparar-se. Não deve confiar nos ufanistas de plantão, sempre prontos a exaltar a seleção em qualquer circunstância. Nem deve temer aqueles que só querem atirar pedras, porque é fácil detonar neste momento. A bola está com Mano. Ou muda ou sobrará para ele também quando menos esperar.