sábado, 21 de março de 2015

Temor político da Uefa está na Liga Europa e envolve Rússia, Ucrânia e Polônia

A final desta edição da Liga Europa está marcada para Varsóvia. Por determinação da Uefa, clubes ucranianos e russos não podem se enfrentar até lá. Em cena, Polônia, Ucrânia e Rússia, países protagonistas da crise política europeia.
Muito antes da queda de Viktor Yanukovich, da anexação da Crimeia e da guerra no leste ucraniano, os russos já estavam em conflito com os poloneses. Tudo por conta da presença militar da Otan no leste europeu, com enorme apoio polonês.
Para piorar, neste ano, Rússia e Polônia vem entrando ainda mais em discordância. Não só pela oposição polonesa à intervenção militar russa em território ucraniano, mas também pela II Guerra Mundial. Em janeiro, o ministro das Relações Exteriores polonês, Grzegorz Schetyna, afirmou que o campo de concentração de Auschwitz foi libertado por soldados ucranianos. Nesta semana, Vladimir Putin respondeuindiretamente.
O Zenit São Petersburgo terá uma dura missão: eliminar o atual campeão Sevilla. O clube é bancado pela Gazprom, patrocinadora da Uefa e também parte permanente do conflito Rússia-União Europeia. A empresa é a maior fornecedora de gás natural do continente.
O Dinamo Kiev terá pela frente a Fiorentina, enquanto o Dnipro Dnipropetrovsk encara o Brugge. No primeiro caso, a torcida está empolgadíssima. Tanto é que lotou o Estádio Olímpico de Kiev no 5 a 2 sobre o Everton e garantiu ao clube o maior público da história da competição, com 67.553 torcedores nas arquibancadas.
Já o Dnipro sofre diretamente as consequências da guerra. Como está no leste ucraniano, Dnipropetrovsk foi proibida pela entidade europeia de receber partidas, assim o time manda seus jogos na capital.
O caminho para a final é longo e não tem russos e ucranianos como favoritos, condição de Sevilla, Napoli e Wolfsburg. No entanto, uma final entre Zenit e um representante da Ucrânia é possível.
Contra o Dnipro, seria uma constante manifestação de apoio ao interesse russo. Contra o Dinamo, a transposição do conflito para o campo esportivo. Tudo isso em plena Varsóvia.
Muitas vezes, o futebol não é apenas um jogo.