O novo Maracanã vivia uma noite do velho Maracanã.
Rubro-negros e cruzmaltinos tomavam conta do que estava à disposição nas arquibancadas, mais de 51 mil pagantes, mais de 56 mil presentes, recorde de público no país em 2015, renda de mais de 2 milhões e quinhentos mil reais.
E os dois times honravam em disposição o alarido das massas apesar da chuva no Rio.
Parece que tamanha festa irritou o senhor das chuvas e ele mandou abrir todas as torneiras, todas as comportas.
Simplesmente inundou o gramado, tornou-o impraticável para a prática do futebol, como diziam os antigos narradores no antigo Maraca.
Antes de o Clássico dos Milhões ser interrompido por 50 minutos porque São Pedro quis aparecer, Alecsandro fez 1 a 0, com os pés do santo.
O goleiro uruguaio do Vasco, Martin Silva, talvez porque jamais tenha chovido em Montevidéu, saiu jogando com a mão no gramado encharcado e a bola lançada para Rodrigo parou na poça d’água e o centroavante se aproveitou.
Em seguida, o paraguaio Julio dos Santos, que já viu chuva parecida em Assunção, quase empatou, mandou na trave, também em tabelinha com São Pedro.
O jogo foi paralisado, a água baixoum o bom senso prevaleceu e o jogo recomeçou.
Para o Vasco empatar quase imediatamente, com Gilberto, de cabeça, porque, como Vanderlei Luxemburgo está cansado de saber, alertou e treinou sua defesa, o Vasco é mortal nas bolas paradas.
Quem cobrou o escanteio foi Julio dos Santos. Ah, a bola parada do Vasco…
O Flamengo perdera Jonase o Vasco perdera Dagoberto, por contusões, trocados por Cáceres e Bernardo, respectivamente.
No segundo tempo, logo aos 7 minutos, Guiñazú derrubou Marcelo na área e Alecsandro fez 2 a 1 com categoria.
O Flamengo, que temia os pênaltis pró-Vasco, se beneficiava de uma bobagem, porque o pênalti cometido pelo raçudo argentino foi absolutamente desnecessário.
Éverton estava em campo, no lugar de Gabriel, desde o intervalo, medida que fortaleceu o poder ofensivo rubro-negro.
Na metade do segundo tempo, Paulinho substituiu o artilheiro Alecsandro.
O Flamengo mantinha uma escrita de três anos e nove jogos sem perder do rival e ganhava, segundo Eurico Miranda, mais um campeonato em cima do Vasco.
O Madureira, não confundir com o apelido de Luxemburgo nos tempos em que era vendedor de carro usado, também festejava, porque vice-líder do Carioquinha.
John Clay saiu e Yago entrou no Vasco, aos 32.
Sete minutos depois o tempo fechou e, salomonicamente, foram expulsos dois litigantes de cada lado: Guiñazú e Bernardo, Paulinho e Anderson Pico.
São Pedro se convenceu de que nem ele esfria o clássico, por mais água que despeje no Maracanã.
O Botafogo lidera e o Flumense está fora do G4.
O Vasco era o último invicto e perdeu a chance de manter a invencibilidade três vezes no fim do jogo.
