quinta-feira, 19 de março de 2015

Maturidade da Juventus e decadência do Dortmund invertem lógica do abismo entre Itália e Alemanha na Europa

O que esperar quando um representante do futebol campeão do mundo, da liga milionária, estádios modernos, lotados e das quatro vagas na Champions League enfrenta um do outro tetra das Copas, mas com seleção decadente e futebol local pobre, conseqüência do campeonato que já foi o principal do planeta, repleto de estrelas, e hoje vive da tradição e pouco mais que isso?
Um massacre? Talvez. A menos que a ilha de maturidade e excelência esteja na Itália e o time em queda livre, por uma infinidade de motivos, seja o alemão.
A Juventus da Arena moderna e bem administrada, do tetracampeonato nacional encaminhado e que pode se concentrar no torneio continental. Do elenco entrosado e com poucas baixas - à exceção do ainda lesionado Andrea Pirlo. Que agora conta com o fator de desequilíbrio no ataque que faltou em temporadas passadas: Carlos Tevez.
Borussia de Jurgen Klopp que frequentou a zona de rebaixamento da Bundelisga, recuperou peças e pontos importantes, mas ainda com muitos desfalques e algumas escolhas questionáveis no mercado. Faltou o conjunto mais ajustado que sobrou no rival. Também a felicidade de um gol nos primeiros minutos, que o time alemão contava para inflamar a "Muralha Amarela" e tentar reverter os 2 a 1 da ida em Turim.
Saiu dos pés de Tevez, logo aos três, praticamente resolvendo o confronto com um disparo de longe que Weindenfeller não segurou.
A Juve de Massimiliano Allegri controlou o jogo no Signal Iduna Park, inicialmente no 4-3-1-2 que permitia a troca de passes e superioridade na posse de bola. Mas não a vantagem numérica pelos lados do rival, montado no 4-4-2.
ANDRÉ ROCHA
Juventus com losango no meio-campo, mas garantindo compactação e presença pelos flancos contra o 4-4-2 inócuo do Dortmund com Sokratis na lateral.
Juventus com losango no meio-campo, mas garantindo compactação e presença pelos flancos contra o 4-4-2 inócuo do Dortmund com Sokratis na lateral.
Vidal abria bem à direita quando o seu lado era atacado, Pogba fechava no setor oposto, próximo do Marchisio e Pereyra, em tese o "trequartista", também voltava para ajudar na recomposição. Movimento contrário quando o Dortmund invertia o lado(veja na imagem abaixo). E tentava atacar com Sokratis improvisado na lateral se juntando a Mkhitaryan ou Kampl, que se revezavam nos flancos. Sem sucesso.
REPRODUÇÃO ESPN
Flagrante da Juventus se defendendo pela esquerda com Pogba bem aberto, Vidal centralizado e Pereyra, em tese o 'trequartista', voltando para ajudar.
Flagrante da Juventus se defendendo pela esquerda com Pogba bem aberto, Vidal centralizado e Pereyra, em tese o 'trequartista', voltando para ajudar.
Ainda na primeira etapa, Allegri perdeu Pogba, novamente com problemas musculares, e colocou Barzagli com Bonucci e Chiellini no centro da retaguarda. No 5-3-2, cedeu ainda menos espaços ao time de Klopp e esperou o adversário avançar e definhar para os golpes finais, que vieram novamente com Tevez e Morata, este completando passe do camisa dez.
REPRODUÇÃO ESPN
Ainda no primeiro tempo, Allegri perdeu Pogba e recompôs o time no 5-3-2 para seguir negando espaços ao Dortmund, no centro ou pelos flancos.
Ainda no primeiro tempo, Allegri perdeu Pogba e recompôs o time no 5-3-2 para seguir negando espaços ao Dortmund, no centro ou pelos flancos.
Os números ilustram o jogo: 55% de posse do Borussia, dez finalizações para cada lado. Mas seis da Juventus no alvo, contra apenas duas. Tevez teve 100% de acerto nas conclusões e 90% nos passes. Dois gols e uma assistência.
O homem do jogo e do improvável na casa do rival e faz a Vecchia Signora mais forte. Primeiro revés de alemães contra italianos na Champions desde o triunfo da Internazionale de Leonardo sobre o Bayern Munique nas oitavas-de-final em 2011.
Se o sorteio ajudar é possível pensar na semifinal que não disputa desde o vice-campeonato em 2002/03. Absoluta em seu país, a equipe de Allegri colhe os frutos e aproveita a fraqueza dos concorrentes. Klopp junta os cacos em Dortmund e convive com a crise, apesar da liga poderosa. A inversão da lógica do abismo entre Alemanha e Itália.