terça-feira, 15 de julho de 2014

Ex-banqueiro, Governo e magnata da moda 'bancaram' paraíso da Alemanha na Bahia

DIVULGAÇÃO/JERUSA BRANDÃO
O técnico da Alemanha, Joachim Löw, esteve pela primeira vez em Santo André no fim de 2013
O técnico da Alemanha, Joachim Löw, esteve pela primeira vez em Santo André no fim de 2013
Neuer e Schweinsteiger cantando o hino do Bahia, Klose empinando pipa e ainda as caminhadas matinais do técnico Joachim Löw pela praia. Não resta dúvida: a seleção alemã se sentiu em casa em Santo André, em Santa Cruz Cabrália. Fez do vilarejo no Extremo Sul baiano o seu talismã até o título. Nada disso teria sido possível, no entanto, se tivesse seguido uma das recomendações da Fifa e recusado o acordo que envolveu um ex-banqueiro, um magnata do mundo da moda e o Governo local.
A entidade máxima do futebol desaconselhava a ida dos participantes da Copa para lugares que exigissem qualquer deslocamento que não fosse terrestre até o aeroporto.
"Uma das observações que a Fifa fez para as seleções em seus campos de treinamentos era para que não houve necessidade de travessia marítima ou fluvial na hospedagem. Esse foi um dos pontos que nos deixou mais apreensivo antes do acordo porque o Campo Bahia (complexo imobiliário que recebeu os tetracampeões) exigia isso", relembra o secretário Estadual para Assuntos da Copa (Secopa), Ney Campello, aoESPN.com.br.
Nessa mesma época, Santo André sofria com a concorrência de cidades de outras regiões que tentavam fisgar os alemães.
Foram cinco visitas da comitiva sempre liderada pelo ex-jogador Oliver Bierhoff, hoje diretor geral da federação local, ao povoado até que o martelo fosse batido antes do sorteio dos grupos do Mundial, na Costa do Sauípe, em dezembro do ano passado.
O percurso de menos de 15 minutos sobre o rio João de Tiba deixava de ser, então, um obstáculo.
Ele acabaria ‘escondendo' do outro lado de sua margem uma das melhores histórias da Copa do Mundo ao testemunhar uma relação com os nativos mais próxima até mesmo do que a mantida entre a seleção brasileira e seus torcedores. Um detalhe que, no fim das contas, impressionou: havia a expectativa antes de um contato mínimo e de que boa parte da costa fosse ‘blindada' para os visitantes ilustres.
Não foi o caso.
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"Logo que visitou Porto Seguro, a Fifa foi apresentada a alguns hotéis que ficam em Arraial D'Ajuda e Trancoso. Mas eles nos disseram que teria de haver uma solução na própria cidade (Porto Seguro), naquele centro, e não poderia ser do outro lado (do rio). Fizeram a observação de que não era recomendável", explica Ney Campello.
A presença da Alemanha no vilarejo pertencente a Santa Cruz Cabrália mobilizou três frentes: a primeira delas para a conclusão de um projeto imobiliário que existia há mais de cinco anos e que tem por trás dois empresários do país (Kay Bakemeier, ligado à seguradora Allianz Seguros, e Christian Hirmer, magnata do mundo da moda); benefícios públicos de mais de R$ 1 milhão para o centro de mídia em um resort local; e, por fim, um acordo com o ex-banqueiro Julio Bozano, um dos homens mais ricos do Brasil, para a cessão dos terrenos em que foram construídos os campos do CT.
Os grupos envolvidos no negócio agora tentarão capitalizar com o fim da Copa e o tetracampeonato alemão.
"O empreendimento do Campo Bahia, por exemplo, vai funcionar empresarialmente para venda ou aluguel. Foi o que se estabeleceu no início de tudo", conclui Campello.
Não dá para dizer que a seleção mais carisma do Mundial não agradou a todos em sua passagem pelo Brasil.
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