sexta-feira, 23 de maio de 2014

Torcida do Barcelona criticada por aplaudir o Atlético: quem definiu as regras para torcer?



Torcida do Barcelona aplaude campeão Atlético de Madri dentro do Camp Nou; assista

Provavelmente você já viu o vídeo acima, em que torcedores do Barcelona, dentro de seu estádio, aplaudem e exaltam o Atlético do Madri após a conquista do último título espanhol em um empate contra o próprio Barça - que seria campeão em caso de vitória.
Tão logo o jogo terminou, elogiei a atitude dos torcedores catalães nas redes sociais. E não estava mais disposto a escrever a respeito, afinal, cinco dias já se passaram desde a decisão. Só que, mesmo passado esse tempo, continuo a receber, nas mesmas redes sociais, algumas manifestações de torcedores inconformados com a atitude da torcida catalã.
"Isso não pertence ao futebol" e "bando de coxinhas, torcida de teatro" são duas das frases mais educadas que melhor resumem o teor das mensagens - que vinham acompanhadas de outras tantas com elogios aos catalães, é bom que se diga.
É até compreensível que os apaixonados por futebol, nos quais me incluo, prefiram uma torcida que apoia seu time constantemente, que grita e canta durante os 90 minutos, que possa fazer diferença no placar. Certamente não é esta a marca da torcida do Barcelona, assim como não é da do Real Madrid ou de muitas das (novas) torcidas inglesas.
A intransigência dos torcedores que se julgam "parte do futebol" em relação à atitude de quem pensa ou age diferente, contudo, é incrível.
Quem definiu, e quando, o que "pertence" ou não ao futebol?
Quem definiu que o torcedor que prefere assistir ao jogo do seu time sentado, aplaudindo ou apenas calado, se preocupa menos ou mais com o resultado, gosta mais ou menos de futebol? E ainda que sua paixão clubística não seja tão intensa, que ele se preocupe menos com o resultado e mais com o espetáculo de uma partida bem jogada, que direito alguém tem de condená-lo por isso?
Provavelmente, como torcedor, eu jamais conseguiria gritar o nome do adversário que acabou de tirar um título do meu time. Eu prefiro, sim, torcidas vibrantes como as argentinas e italianas (que, em contrapartida e não por acaso, são aquelas que mais extrapolam os limites da torcida para a violência).
Preferir torcidas mais vibrantes não me impede de achar louvável e digna de elogios a atitude da torcida do Barcelona, reconhecendo o incrível feito realizado por um time infinitamente mais pobre, menos técnico e menos badalado que seus dois grandes rivais. Um time que merecia (e muito!) os aplausos e os gritos de "Atleti".
É provável que muitos dos sujeitos que condenam atitudes como a da torcida do Barcelona no sábado achem o máximo a maneira como os torcedores brasileiros costumam se comportar nos jogos de tênis da Taça Davis realizados por aqui, xingando e atrapalhando a concentração dos tenistas adversários.
A eles, um aviso: "isso não pertence ao tênis".