terça-feira, 17 de dezembro de 2013

É péssimo o campeonato acabar fora de campo. Mas virada de mesa atual é diferente dos anos 90

O apreço pelos resultados do campo continua neste blog. Daí eu ter me posicionado a favor de que a Portuguesa fosse considerada errada, mas absolvida pela ausência de má fé. Esse ponto de vista não exclui a análise fria de que o resultado do julgamento torna a decisão do tribunal diferente do que aconteceu nos anos 90. Desta vez, não houve uma virada de mesa estúpida e sem justificativa. A Portuguesa foi rebaixada e o Fluminense mantido de acordo com o que diz a lei. E a sensação de que o pequeno se dá mal para os grandes se darem bem deve-se mais ao passado do que ao presente.
Em 1996, o Fluminense foi rebaixado junto com o Bragantino. No primeiro semestre do ano seguinte, conversas telefônicas entre os dirigentes Mario Celso Petraglia, do Atlético Paranaense, e Alberto Dualib, do Corinthians, deram a entender a existência de um esquema de corrupção de árbitros. Dualib dizia a Ivens Mendes: "Eu dou 1-0-0." Imediatamente se fez a ilação de que 1-0-0 significaria algo como R$ 100 mil.
Levantou-se a hipótese de Corinthians e Atlético Paranaense serem rebaixados. Não havia provas suficientes para isso. Como não caíram nem Corinthians nem Atlético, a CBF decidiu manter todos. Não caíram também Fluminense e Bragantino.
Em 1999, o Botafogo ganhou três pontos da partida em que foi derrotado por 6 x 1 pelo São Paulo. A escalação irregular do atacante Sandro Hiroshi produziu a inversão dos pontos. Com eles, o Botafogo livrou-se do rebaixamento e quem caiu para a Série B foi o Gama. O clube do Distrito Federal alegou que a legislação deveria tirar os pontos do São Paulo, mas não entregá-los ao Botafogo. Não foi atendido no tribunal esportivo e conseguiu liminar na Justiça Comum que obrigava a CBF a inseri-lo no Brasileirão.
A CBF criou a Copa João Havelange, para descaracterízar a existência de acesso e descenso. O Gama conseguiu liminar obrigando a incluí-lo também no novo torneio. Para manter a descaracterização, a CBF incluiu Juventude, Bahia, América-MG e Fluminense, que deveriam jogar a Série B em 2000. Todos foram para a Série A.
Não havia justificativa.
Hoje, há. Pode-se gostar ou não gostar. Pode-se preferir, como eu, a mautenção dos resultados de campo. Mas hoje não há uma virada de mesa injustificável. O descrédito se dá pelo que houve nos anos 90.