sábado, 2 de novembro de 2013

Arsenal e Liverpool, lembranças de uma noite histórica

Divulgação
Michael Thomas: gol histórico em 1989
Michael Thomas: gol histórico em 1989
Coadjuvantes do futebol inglês nas últimas temporadas, Arsenal e Liverpool se reencontram em uma posição de protagonismo neste sábado, quando disputam a liderança da Premier League no Emirates. Um estádio que não existia nem nos sonhos quando as duas equipes se enfrentaram em uma das noites mais marcantes da história do futebol inglês.
Um Liverpool x Arsenal em Anfield seria a grande decisão do campeonato no dia 26 de maio de 1989. O Arsenal estava três pontos atrás dos Reds (numa época em que apenas a Inglaterra, entre os países mais tradicionais, adotava os três pontos por vitória), e tinha quatro gols a menos de saldo.
Se vencesse por dois gols de diferença, o Arsenal ficaria com o troféu por ter mais gols marcados. Só que o Liverpool não perdia um jogo em casa por mais de um gol havia três anos. Mesmo a vitória simples era considerada improvável - os Gunners vinham de quinze anos sem vitória em Anfield.
O jogo, disputado numa noite de sexta-feira, tornaria-se um dos momentos mais emocionantes do clássico livro "Febre de Bola", de Nick Hornby.
Inicialmente marcado para 23 de abril, o confronto precisou ser adiado após o desastre de Hillsborough e só seria disputado mais de um mês depois. Neste intervalo, o Liverpool de Kenny Dalglish conquistou a FA Cup em cima do Everton, o que dava ao clube a oportunidade de conquistar apenas a segunda dobradinha de sua história.
Mesmo com a necessidade de vencer por mais de um gol, o Arsenal foi escalado por George Graham com cinco defensores. O Liverpool era forte pelos lados, com Houghton e Barnes, e tinha um ataque perigoso com Aldridge e Rush - dupla que nunca havia perdido quando escalada desde o início.
Nos Gunners, a formação titular tinha dez ingleses e um irlandês, David O'Leary. Cenário totalmente dos dias atuais, em que o clube tem jogadores de Coreia do Sul, Japão, Gana, Dinamarca, País de Gales, Itália, Espanha, República Tcheca, Bélgica, Polônia, França - e até da Inglaterra!
O primeiro tempo terminou 0 a 0, e o placar só seria aberto aos 7 minutos do segundo tempo por Alan Smith, artilheiro do time com 23 gols. Os jogadores do Liverpool reclamaram que Smith não teria encostado na bola e que, por se tratar de uma falta indireta, o gol não valeria. Mas as imagens deixaram claro o desvio do atacante.
O restante da partida viu o Arsenal se lançar à frente e correr riscos dando o contragolpe ao Liverpool. Mas o tempo ia passando e a torcida local já começava a celebrar quando o tempo regulamentar se esgotou.
Era o segundo minuto de acréscimos. Kevin Richardson roubou a bola de Barnes e atrasou para o goleiro John Lukic. Na época, o goleiro ainda podia pegar a bola recuada com as mãos. Lukic saiu jogando com o lateral Lee Dixon, que estourou para o campo de ataque buscando Smith. O atacante fez o pivô e encontrou Michael Thomas na direção do gol.
Thomas resistiu aos marcadores e tocou na saída de Grobbelaar, garantindo o título ao time londrino.
Ironicamente, Thomas defenderia o Liverpool entre 1991 e 1998, inclusive marcando um gol na vitória sobre o Sunderland na decisão da FA Cup em 1992. Os Reds se recuperariam da desilusão sofrida com o título na temporada 1989/90, mas desde então o clube não voltou a conquistar o campeonato.