Era um domingo pela manhã. Durante toda semana infernizei meu pai para me levar. Pela primeira vez na vida eu teria a oportunidade de ver Oscar.
O ano era 1995. Oscar havia retornado do basquete europeu, trazido pelo Corinthians Amway. Era um timaço, com o técnico porto-riquenho Flor Meléndez e o armador James Carter, também de Porto Rico. O pôster autografado por todos jogadores virou quadro na minha parede.
Não lembro o adversário, apenas que era Campeonato Paulista. Meu pai demorou para sair de Campinas comigo e meu colega de time, o Pardal. Eu era um garoto de 13 anos, que jogava o Estadual na categoria Mirim e sonhava em virar jogador. Oscar era deus.
Nunca vou esquecer a primeira imagem que vi ao entrar no ginásio do Parque São Jorge, já com a partida em andamento. Juro que foi a primeira imagem. Com as mãos erguidas, marcando no centro do garrafão, iluminado por um raio do sol, lá estava Oscar Schmidt. O Mão Santa, o melhor jogador do Brasil.
Nesta sexta-feira, nos estúdios da ESPN, vi minha infância e adolescência passarem diante de mim. Estive frente a frente ao meu ídolo. Por quem eu gritei, chorei, sofri, vibrei, me espelhei no esporte.
A entrevista com Oscar no Bola da Vez vai ao ar em breve. Foi espetacular, emocionante.
Fora do ar, confidenciei a Oscar que, após ler a sua biografia nos anos 1990 e descobrir que ele dormia com a bola, passei a fazer o mesmo. Dormia com uma bola de basquete para, quem sabe um dia, ser como ele. Sabia que precisaria treinar muito.
Joguei dos 12 aos 17 anos basquete. Levei muito a sério essa história de bola ao cesto. Por vários motivos, parei no juvenil. Sigo amando o basquete.
No final, mostrei a Oscar a ficha técnica de um jogo histórico. Real Madrid e Caserta, decisão da Recopa Europeia de 1989. O Mão Santa fez 44 dos 113 pontos da equipe italiana. No outro time, Drazen Petrovic anotou 62 dos 117 pontos madridistas.
Ele me perguntou se poderia ficar com aquela ficha. Gostaria de guardá-la. Entreguei e sorri.