quinta-feira, 23 de maio de 2013

Para voltar ao Chelsea, Mourinho exige ter poderes de Ferguson


Reuters
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José Mourinho quer ser o 'Ferguson do Chelsea'
No museu do Chelsea, um espaço modesto mas aconchegante em prédio ao lado do estádio de Stamford Bridge, não há um espaço inteiramente dedicado a Frank Lampard, o maior goleador da história do clube. Nem a John Terry, o capitão da fase mais vencedora, ou a Petr Cech, o goleiro dos principais títulos. Nem mesmo Peter Osgood, o craque dos anos 1960, que tem uma estátua na entrada do estádio, merece um lugar exclusivo.

No museu do Chelsea, entre as muitas conquistas recentes e poucas taças antigas, quase nenhuma foto em preto e branco, há um espaço dedicado a José Mourinho. O treinador português comandou a equipe durante três temporadas inteiras, entre 2004 e 2007, conquistando seis títulos. Mudou o curso da história e, com a ajuda imprescindível dos milhões de Roman Abramovic, transformou um time de bairro em uma potência europeia.

Num canto do museu do clube, no bairro de Fulham, no sudoeste de Londres, Mourinho é lembrado com uma mesa, um bloco de anotações com esboços táticos e um cabide, onde pendurava seu tradicional sobretudo Armani. Nos corredores do Chelsea, num bate-papo com funcionários que ali trabalham, Mourinho é lembrado de muitas outras formas, todas elas elogiosas.

"Sinto que ele vai voltar, mas não dá para falar muito enquanto não estiver tudo assinado", diz um dos funcionários do clube. Outro completa: "Todos querem que ele volte."

A imprensa inglesa dá como certa a contratação e há quem afirme que a direção do clube já foi avisada do retorno por Roman Abramovich.

Mas o Mourinho que deve voltar ao Chelsea não será o mesmo que deixou o cargo em setembro de 2007, depois de "chegar a um acordo" com a direção. Aquele Mourinho, embora com o poder de gastar milhões de euros para contratar quem quisesse, teve de lidar com a ingerência de Abramovic. Foi o russo que bancou a contratação de Andriy Shevchenko, em 2006, por exemplo; em 2011, fez o mesmo ao levar Fernando Torres para o time.

Na negociação para retornar ao Chelsea, Mourinho exigiu ter plenos poderes sobre as contratações e dispensas. Um modelo semelhante ao consagrado por Alex Ferguson nos 27 anos que passou à frente do Manchester United e que também encontra paralelo no francês Arsène Wenger, do Arsenal.

"Eu diria que esse é o maior entrave hoje. Mourinho quer comandar o futebol do time, e Abramovich não é o tipo de pessoa que abre mão dessas coisas. Esse é o problema entre ambos. Mas, se eles quiserem resolver, resolvem", disse um funcionário do clube ao ESPN.com.br.

Os tais "poderes de Ferguson" incluem, além da palavra final em contratações e dispensas, participação no trabalho das categorias de base e definições no planejamento do clube. Em
sua primeira passagem, Mourinho teve problemas com o então diretor de futebol Frank Arnesen e com Piet de Visser, ex-técnico de futebol e consultor de Roman Abramovich.

Arnesen deixou o clube em 2010 estava no Hamburgo até esta quarta-feira, quando deixou o clube; De Visser, um dos responsáveis pela saída também de Luiz Felipe Scolari do cargo de treinador, continua próximo de Abramovich, mas perderia poder com a volta do português a Stamford Bridge.