quarta-feira, 23 de maio de 2012

Roland Garros e minhas memórias

Hoje começa o qualy de Roland Garros.

Pensar em qualy deixa o jogador nervoso. É o conhecido tudo ou nada. A chance de entrar no torneio ou voltar pra casa sem nada. Ser respeitado pelo torneio ou ser apenas um jogador que passou por lá. Quem já jogou sabe que disputar os qualys é uma barra. Mesmo em Roland Garros não é das coisas mais agradáveis.

Este ano pra mim vai ser um Roland Garros muito especial. O torneio fez parte da minha vida de várias maneiras.

Em 1989 fui pela primeira vez como juvenil e literalmente pirei. Entrar no complexo, ver os jogos dos profissionais, conviver com os melhores do mundo e jogar nas quadras que mais pareciam um tapete foi marcante. Prometi para mim que todo ano estaria lá. Esse era o lugar que um tenista teria que querer estar se quisesse viver da raquete. Entrar no complexo é uma sensação indescritível. Nesse ano como juvenil tive a chance de ver grandes jogos. Agassi contra Courier na quadra 1 e de quebra conversei com o Willander e Karel Novacek dois top 10. Foi DEMAIS.

Alguns anos depois tive a chance de jogar pela primeira vez a chave do qualy. Estava mais ou menos 160 do mundo e fui com a cara e a coragem tentar a sorte. O qualy nem era jogado dentro do complexo como hoje. Era disputado em um clube muito perto de Roland Garros chamado Jean Buan (acho que escreve assim). O mais maluco era que você jogava e lá no fundo via o complexo e a quadra central. Eu ficava olhando e sonhando. Será que um dia vou jogar a chave principal lá? Lembro de uma bronca do meu técnico nesse ano Marcelo Meyer que disse. Fino, olha pro jogo. Para de sonhar. Tive boas chances nesse meu primeiro ano. E que primeiro ano. Passei o qualy, ganhei a primeira da chave, a segunda, a terceira e só perdi do duríssimo Sergi Bruguera na quadra 1. Pensar que nem imaginava jogar e em menos de 10 dias eu tinha classificado, jogado em duas das quadras mais legais do torneio e sem ninguém perceber muito cheguei nas oitavas de final com um cheque de uns 60.000 dólares. Mais do que já tinha recebido na minha carreira toda.

Esse foi o primeiro de muitos anos legais que joguei por lá. A parir de 93 fui todos os anos e joguei chave principal até 2002. Tive o privilegio de jogar partidas incríveis. Agassi, Muster, Corretja, Rafter, Costa, Meu melhor resultado foi em 1999 com a semifinal inesquecível e o gostinho de ter escapado o jogo contra o Medvedev.

Boas lembranças. Bons tempos que não voltam, mas ficam na memória e servem de motivação para tudo que fazemos.