quarta-feira, 23 de maio de 2012

Bicampeãs olímpicas, Walsh e May podem frustrar sonho brasileiro de ouro após 16 anos

Velhas conhecidas das últimas duas gerações do vôlei de praia brasileiro feminino, a dupla norte-americana Walsh e May já frustrou por duas vezes o sonho verde-amarelo de conquistar o segundo ouro olímpico da modalidade na história. Por isso, para os Jogos de Londres no meio do ano, as algozes das brasileiras chegarão como favoritas novamente e, mais do que isso, com a experiência que só duas medalhas douradas na competição pode trazer.

Adriana Behar e Shelda na final de Atenas, em 2004, Renata e Talita na semifinal de Pequim, em 2008, e Ana Paula e Larissa, nas quartas de final, no mesmo ano – todas elas acabaram derrotadas pela ‘frieza’ de Walsh e May em jogos decisivos das duas últimas Olimpíadas e tiveram que assistir às rivais americanas subirem no degrau mais alto do pódio nas duas ocasiões. E se depender da dupla bicampeã, em Londres a história também não vai ser diferente.

Contando com a altura e a habilidade de Walsh, aliadas à visão de jogo de May, a parceria americana se tornou imbatível quando se fala em Olimpíada. Juntas, elas faturaram o ouro nas duas vezes que disputaram os Jogos, e a experiência que acumularam nas competições ao longo dos anos só fez a dupla evoluir ainda mais para a disputa do tricampeonato em Londres.

Por tudo isso, Walsh e May são, sem dúvidas, as principais candidatas ao ouro na Olimpíada deste ano e, consequentemente, os maiores ‘inimigos’ das duplas brasileiras Juliana e Larissa, e Talita e Maria Elisa, que tentarão conquistar novamente a medalha dourada para o Brasil depois de 16 anos que Jacqueline e Sandra Pires conseguiram o feito, nos Jogos de Atlanta, em 1996.

Walsh e May buscam tricampeonato em Londres
Walsh e May buscam tricampeonato em Londres
Crédito da imagem: Divulgação


Características individuais: Walsh, a gigante habilidosa

Não é comum ver jogadoras mais altas terem habilidade e movimentação dentro de quadra, mas é exatamente por reunir essas duas características, que Kerri Walsh se faz uma atleta diferenciada no vôlei de praia. Com 1,91 m de altura, a ‘gigante’ americana é um paredão no bloqueio e, no ataque, sabe resolver tanto na força, quanto na habilidade.

Jogadora do vôlei de quadra na Olimpíada de 2000 (quarto lugar), Walsh passou a jogar na praia e teve mais sucesso na areia, principalmente por reunir características das duas modalidades. Sabendo marcar muito bem na rede, a americana tornou-se uma excelente bloqueadora e desenvolveu ainda mais as habilidades da praia, sabendo trabalhar bolas colocadas e pontuar aproveitando o espaço deixado pelas adversárias.

No bloqueio, outro diferencial de Walsh é conseguir recuperar largadas próximas à rede ou bolas que tocam sua mão e ficam muito curtas para o alcance de May, que está no fundo da quadra. E tudo isso, faz dela uma jogadora completa e, acima de tudo, muito difícil de derrotar.


May - visão de jogo e defesa bem colocada

Bem mais baixa do que sua companheira, Misty May-Treanor tem apenas 1,75 m, mas compensa a falta de altura com a habilidade e a visão de jogo imprescindíveis para uma jogadora de vôlei de praia. Uma atleta que dificilmente desperdiça uma bola, porque sabe exatamente onde colocá-la, mesmo quando está sendo muito bem marcada pelo bloqueio adversário.

Alinhando muito bem sua defesa com a marcação do bloqueio de Walsh, May torna o trabalho das rivais ainda mais complicado, porque além de elas terem que passar por uma gigante no bloqueio, precisarão achar um espaço fora do alcance da ‘baixinha’ para conseguirem pontuar.


O diferencial: frieza ou equilíbrio?

Ganhar uma Olimpíada é o ápice para qualquer atleta profissional e, para chegar lá, é preciso ter muito mais do que um preparo físico adequado. É preciso ter, acima de tudo, cabeça e equilíbrio emocional para lidar com a pressão de passar pelas melhores adversárias de todo o mundo até chegar ao topo.

E esse equilíbrio psicológico não falta à dupla que já coleciona dois ouros olímpicos na carreira. A postura que muitas vezes é considerada ‘fria’ pelos brasileiros, é justamente o diferencial da vitoriosa dupla norte-americana, que conta com muito mais do que altura e habilidade para conquistar seus títulos: elas têm cabeça de campeãs e, por isso, tornam-se um adversário muito difícil de derrubar.

Tanto que nem a dupla número 1 do vôlei de praia atual tem um histórico bom contra elas. Juliana e Larissa, as brasileiras candidatas ao ouro em Londres-2012, lideram o ranking do vôlei de praia internacional, mas ganharam apenas cinco dos 17 jogos que fizeram contra Walsh e May.

“Gostamos muito de jogar contra Walsh e May pois cada jogo com elas se define de forma diferente, é sempre um grande desafio para nós. São partidas do mais alto nível e aprendemos muito nelas”, comentou Juliana sobre as principais adversárias que encontrará na Olimpíada.

Campeãs mundiais vencendo justamente a dupla americana no ano passado, Juliana e Larissa já se reencontraram com Walsh e May em 2012 e também saíram vitoriosas. E é com a ‘moral’ conquistada nesses poucos resultados positivos diante das americanas, que a dupla brasileira tentará quebrar o ‘equilíbrio’ das duas nos Jogos Olímpicos para acabar com a hegemonia dos Estados Unidos no vôlei de praia feminino.