quarta-feira, 23 de maio de 2012

Euro 2012: Goleadores animam, mas defesa preocupa Holanda

Van Persie, 37 gols na temporada pelo Arsenal. Huntelaar, 48 pelo Schalke. Se dependesse apenas do momento dos goleadores, a seleção holandesa poderia ficar despreocupada sobre suas chances na Eurocopa. O problema é que não apenas de ataque se forma um time campeão. Defesas fracas raramente ganham troféus, e a Oranje sabe que pode se comprometer por isso.

Nas últimas quatro partidas, a Holanda sofreu oito gols, média de dois por jogo: três da Suécia (derrota por 3 a 2), três da Alemanha (derrota por 3 a 0) e dois da Inglaterra (vitória por 3 a 2). Ficou no 0 a 0 com a Suíça.

O elenco de jogadores não sofreu grandes alterações desde o vice mundial de 2010, mas uma lacuna em especial é preocupante: a lateral-esquerda. O antigo titular, o capitão Van Bronckhorst, aposentou-se naquela derrota para a Espanha.

Erik Pieters, o escolhido para suceder Van Bronckhorst, está fora da Eurocopa por contusão. Uma alternativa lógica seria optar pela experiência de Bouma. O elenco pré-convocado com 27 jogadores ainda tem o garoto Willems, de ascensão meteórica (um ano atrás ganhava o título europeu com a seleção sub-17), e Anita, que no Ajax tem atuado mais no meio-campo.

Para alívio do técnico Bert van Marwijk, pelo menos o gol está bem servido. Além do titular Stekelenburg, ele conta ainda com Vorm e Krul, que fizeram ótima temporada na Inglaterra.

A preocupação em acertar a defesa é ainda maior porque a Holanda sabe que terá "finais" desde o início da competição, em um grupo com Dinamarca, Alemanha e Portugal. Há que se considerar uma certa freguesia com os portugueses, que se classificaram para a Copa do Mundo de 2002 às custas dos laranjas e ainda os eliminaram da Euro 2004 e da Copa do Mundo de 2006.

Por isso, é bom que o ataque funcione como promete. Além de duas máquinas de balançar as redes, Van Marwijk tem armas como Robben e Sneijder, cruciais na campanha de 2010. Resta saber se eles serão capazes de corresponder às expectativas.

Robben precisa se manter livre de lesões, o que nem sempre é fácil, e superar as frustrações da temporada com o Bayern. Sneijder, por sua vez, tem de reencontrar o futebol que não vem mostrando na Inter, sob risco de perder o lugar na equipe.

Van der Vaart é uma sombra importante para o nerazzurro, e a hipótese de usar Van Persie e Huntelaar juntos também terá de ser considerada, apesar de o esquema 4-2-3-1, que privilegia a velocidade pelas pontas, não ser o ideal para isso.

Fique de olho - A jogada característica - o corte da direita para o centro para um disparo de pé canhoto - é conhecida, e nem por isso fácil de evitar. Arjen Robben tem habilidade e velocidade típicas de um ponteiro, e poucos são capazes de executar tão bem a função.

O problema, tão conhecido quanto seu melhor lance, está na quantidade de lesões musculares. Robben quase ficou fora da Copa do Mundo de 2010, depois de sentir contusão a uma semana do torneio. Apresentou-se com atraso, mas a tempo de participar do último jogo da fase de grupos e de toda a campanha até a final. Marcou nas oitavas, contra a Eslováquia, e na semifinal, contra o Uruguai.

Desde então, o jogador do Bayern de Munique só disputou duas partidas pela Holanda: os amistosos contra o Brasil, em junho de 2011, e a Inglaterra, em fevereiro deste ano.

A possibilidade de ficar sem Robben por longos períodos fez com que clubes como Chelsea e Real Madrid abrissem mão de seu futebol. No Bayern, as contusões não cessaram, mas também não impediram a melhor fase de sua carreira. Ele ajudou o time alemão a alcançar duas finais de Champions League em três anos.

Em resumo, o risco de perder Robben sempre vai existir, mas a Holanda só foi derrotada em três ocasiões com ele em campo desde 2004. Um título seria muito bem-vindo, depois da decepção do pênalti perdido na final pelo Bayern contra o Chelsea.

O comandante - A escolha de Bert van Marwijk para substituir Marco van Basten em 2008 foi recebida com surpresa, já que ele não era reconhecido à época como um treinador de ponta. O feito mais relevante foi a conquista da Copa da Uefa em 2002 pelo Feyenoord, em uma carreira marcada por sucessos nas copas, mas campanhas decepcionantes nas ligas nacionais.

Sogro do volante Mark van Bommel, Van Marwijk tem méritos inquestionáveis à frente da Oranje. Talvez o principal deles seja o de manter a harmonia do elenco, considerando o histórico de problemas internos da seleção, que chegaram a situações insustentáveis em décadas recentes. Em 1996, Davids foi expulso por Guus Hiddink em meio a uma tensão supostamente de fundo racial no elenco.

Sem problemas do tipo na atualidade, o técnico pode se preocupar apenas em dar à Holanda seu segundo título europeu. Algo que nunca poderia almejar em seu tempo de jogador, quando passou duas décadas rondando por equipes medianas.

Os pré-convocados (quatro serão cortados):

Goleiros: Maarten Stekelenburg (Roma/ITA), Michel Vorm (Swansea/ING), Tim Krul (Newcastle/ING);

Defensores: Vurnon Anita (Ajax), Khalid Boulahrouz (Stuttgart/ALE), John Heitinga (Everton/ING), Joris Mathijsen (Málaga/ESP), Ron Vlaar (Feyenoord), Wilfred Bouma (PSV), Gregory van der Wiel (Ajax), Jetro Willems (PSV);

Meio-campistas: Ibrahim Afellay (Barcelona/ESP), Mark van Bommel (Milan/ITA), Nigel de Jong (Manchester City/ING), Adam Maher (AZ), Stijn Schaars (Sporting/POR), Wesley Sneijder (Internazionale/ITA), Kevin Strootman (PSV), Rafael van der Vaart (Tottenham/ING);

Atacantes: Klaas-Jan Huntelaar (Schalke 04/ALE), Luuk de Jong (Twente), Siem de Jong (Ajax), Dirk Kuyt (Liverpool/ING), Jeremain Lens (PSV), Luciano Narsingh (Heerenveen), Robin van Persie (Arsenal/ING), Arjen Robben (Bayern/ALE).