domingo, 20 de maio de 2012

Euro 2012: Com estrelas em declínio, Rússia vê fim de ciclo

Se considerarmos o período em que fazia parte da União Soviética, a Rússia tem uma história rica nos campeonatos europeus. Os soviéticos conquistaram o título em 1960 e chegaram a outras três finais, em 1964, 1972 e 1988. Depois da separação, a Rússia viveu outro grande momento em 2008, quando surpreendeu e alcançou as semifinais.

Naquela ocasião, a equipe impressionou com um futebol ofensivo e atraente, eliminando nas quartas-de-final a Holanda, considerada a melhor seleção do torneio até aquele momento. Guus Hiddink ganhou status de mágico, mas o feitiço não durou muito tempo e a história terminou com o fracasso nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010.

Sob o comando de Dick Advocaat, a Rússia chega à Euro 2012 com um problema: o elenco está envelhecido, há poucos sinais de renovação, e algumas das estrelas da última campanha, como Arshavin, Pavlyuchenko e Zhirkov, estão em declínio. O trio retornou recentemente ao futebol russo, na esperança de reencontrar o futebol de outros tempos e não comprometer o lugar no elenco.

O time solto de 2008 deu lugar a uma formação mais cautelosa, que valeu ao time o primeiro lugar no grupo B das eliminatórias, com apenas quatro gols sofridos em dez jogos.

Curiosamente, a principal esperança de gols do momento é um jogador que desfalcou o time na última Eurocopa, por lesão. Pavel Pogrebnyak, que se transferiu para o Fulham em janeiro, marcou seis gols em seus primeiros oito jogos na Premier League. Na lista de 26 pré-convocados, apenas Pogrebnyak e o meia Marat Izmailov atuam no exterior.

Izmailov, de 29 anos, viu sua carreira ressurgir no Sporting e recebeu sua primeira convocação para a seleção russa desde 2006. Apontado como uma das maiores promessas do país, ele participou da Copa do Mundo de 2002 e da Euro 2004, mas sofreu com as lesões nos anos que se seguiram.

Entre os torcedores, o clima é de pouca confiança, e superar a primeira fase já seria um sucesso. O grupo, com Polônia, Grécia e República Tcheca, não parece um grande empecilho para este objetivo, mas será necessário que os principais nomes voltem a render pela seleção.

Com a Copa do Mundo sendo disputada na Rússia em 2018, a renovação será uma necessidade nos próximos anos. Sendo assim, é inevitável pensar em um ciclo que se encerra para a atual geração.

Fique de olho - A contratação de Andrei Arshavin pelo Arsenal por 15 milhões de libras, em fevereiro de 2009, foi festejada como sinal de ambição do clube londrino. O atacante era tratado como um dos nomes mais importantes do futebol europeu, depois de liderar o Zenit a um título da Copa da Uefa e brilhar na Euro 2008.

No início, tudo correu como esperado - ou até melhor, como em um jogo contra o Liverpool, quando fez todos os gols dos Gunners no empate por 4 a 4. Aos poucos, porém, o rendimento foi caindo, e seu comprometimento com o time passou a ser questionado pelos torcedores e pela mídia.

Arshavin foi perdendo espaço no time até virar peça frequente no banco de reservas. O torcedor se virou contra o russo, passou a vaiá-lo, e a saída foi um retorno por empréstimo ao Zenit, na última janela de transferências. Na Rússia, houve quem questionasse até sua permanência na seleção.

Advocaat, que dirigiu Arshavin na primeira passagem pelo Zenit, descartou a ideia de abrir mão do jogador e promete dar a ele um papel importante no time. Resta saber se será o jogador que chegou ao Arsenal ou o que saiu dele.

O comandante - Advocaat tem em comum com Hiddink apenas a nacionalidade. Sem o carisma do antecessor, o técnico de 64 anos mostrou em várias oportunidades não se importar com a opinião pública e de seus jogadores, guiando a seleção russa de maneira autoritária.

O fato de não se preocupar muito em fazer amigos tornou Advocaat uma figura constantemente criticada, pelo estilo de futebol da equipe e pela dificuldade em renovar o elenco. Independemente do resultado, sua saída após a Eurocopa é fato consumado: ele retornará ao PSV, onde trabalhou nos anos 90.

Em duas passagens pela seleção holandesa, Advocaat chegou às quartas-de-final da Copa do Mundo de 1994 e às semifinais da Euro 2004. No futebol russo, levou o Zenit ao primeiro título nacional em 23 anos, em 2007, e à inédita Copa da Uefa em 2008.

Os pré-convocados (três serão cortados):

Goleiros: Igor Akinfeev (CSKA Moscou), Vyacheslav Malafeev (Zenit), Anton Shunin (Dynamo Moscou);

Defensores: Alexander Anyukov (Zenit), Alexei Berezutsky (CSKA Moscou), Vasily Berezutsky (CSKA Moscou), Sergei Ignashevich (CSKA Moscou), Roman Sharonov (Rubin Kazan), Roman Shishkin (Lokomotiv Moscou), Vladimir Granat (Dynamo Moscou);

Meio-campistas: Igor Denisov (Zenit), Roman Shirokov (Zenit), Konstantin Zyryanov (Zenit), Yuri Zhirkov (Anzhi), Alan Dzagoev (CSKA Moscou), Igor Semshov (Dynamo Moscou), Denis Glushakov (Lokomotiv Moscou), Magomed Ozdoev (Lokomotiv Moscou), Marat Izmailov (Sporting/POR), Dmitry Kombarov (Spartak Moscou);

Atacantes: Andrei Arshavin (Zenit), Alexander Kerzhakov (Zenit), Roman Pavlyuchenko (Lokomotiv Moscou), Artem Dzyuba (Spartak Moscou), Alexander Kokorin (Dynamo Moscou), Pavel Pogrebnyak (Fulham/ING).

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