domingo, 20 de maio de 2012

A construção do Chelsea campeão da Europa e a parcela de Abramovich

O Chelsea foi o campeão da Liga dos Campeões mais cornetado dos últimos anos, nas redes sociais e nos debates na televisão. Tem gente que não suporta a vitória do Chelsea por motivos diversos. Ou porque jogou o velho catenaccio ou por causa da participação do dinheiro do petróleo, de Roman Abramovich.

Não se corneta campeão no dia de sua conquista. É de se respeitar o merecimento de quem trabalhou para alcançar seu objetivo.
Mas se você me obrigar um dos dois motivos para cornetar, essa razão é o dinheiro russo.

O futebol, não.
O Chelsea encontrou sua maneira de vencer times poderosos, mais ofensivos e criativos.
Ano passado, o Barcelona parecia ser a tendência do futebol mundial. Marcação pressão, posse de bola, revelação dos principais jogadores, dinheiro planejado para contratações pontuais.

O Barcelona continua sendo um modelo a ser copiado, mas não o único, como mostrou o Chelsea.

É o jeito mais legal de se montar um time, maneira que se asssemelha à do Manchester United e do Bayern de Munique. Mais tímidos nas revelações, Manchester e Bayern são imperialistas de seus países, mas contratam pontualmente, descobrem jogadores jovens, mesclam contratações bombásticas com outras pontuais.

O Chelsea, não.
E aí voltamos a Abramovich. Em 2004, seis meses depois de comprar o clube, Roman Abramovich foi a Munique assistir a Bayern 1 x 1 Real Madrid, oitavas-de-final da Liga dos Campeões. Queria ver o Real, que eliminou o Bayern, seu modelo para seguir no Chelsea. Os galáticos ganhavam tudo até então. Não ganharam mais nada na Europa a partir daí. Nem o Chelsea, da grana.

Tinha de ser em Munique, palco da cópia, em 2004, que o russo veria seu time levantar a taça mais cobiçada do futebol atual. E jogando de um jeito que parecia surrados dos campos modernos: num ferrolho.

Não importa se é bonito ou feio. O Chelsea foi exato ao diminuir a distância entre suas duas linhas de quatro homens, obrigar o adversário a construir o jogo por seus volantes, posicionar-se para contra-atacar, desde que Di Matteo assumiu o cargo.

Foi exato nas cobranças de faltas e escanteios. Quando o contra-ataque não saía, a bola parada resolvia.
Dos 11 gols na Liga dos Campeões desde que Di Matteo assumiu, cinco foram de contra-ataque, quatro de bola parada.

Incluindo aí a cabeçada mortal de Didier Drogba, homem da partida no Allianz Arena.
O Chelsea é o campeão do pragmatismo, como definiu seu treinador.
Também se joga futebol assim.
O duelo dos próximos anos é entre a posse de bola, marcação pressão e velocidade, estilo do Barça, vencedor nas Ligas dos Campeões de 2009 e 2011.
E o pragmatismo, que ganhou em 2010 com a Internazionale, em 2012 pelo Chelsea.