segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Barça: tudo começou no bico de uma chuteira verde-amarela

Muito pior do que o pesadelo em que se transformou o sonho da terceira estrela de ouro no enxoval santista foi a incrível revelação de Pep Guardiola após a conquista de mais um título.

Tudo começou no bico dourado de uma chuteira verde-amarela. “O time toca a bola como os meus pais diziam que o Brasil fazia”, confessou Guardiola, dono de um currículo modesto – 13 canecos em 16 possíveis ao longo de três anos e meio.

Pois é, nada se cria, tudo se copia. E a última vítima do roda, roda e avisa foi o melhor time do esporte bretão nacional, o Santos.

O Barcelona completou apenas 186 jogos consecutivos com mais posse de bola que o adversário – em Yokohama, o placar foi apertado, 71% a 29%.

Desde janeiro de 2010, o ‘dream team’ catalão disputou 119 partidas, obtendo um pequeno saldo de 88 vitórias, contra 22 empates e absurdas nove derrotas. A equipe fez somente 311 gols e tomou incontáveis 76.

Dos 110 passes que deu durante a final, Xavi acertou... todos. Já Iniesta errou um em 101, de acordo com o ‘Datafolha’. O Barcelona distribuiu 770 passes, contra 235 do Santos.

Números que justificam plenamente os minguados elogios de Neymar, a pérola santista: “Tomamos uma aula de futebol do melhor time do mundo.”

Uma equipe recheada de alunos aplicadíssimos, que souberam aproveitar o curso ministrado por chuteiras que um dia já encantaram o planeta e hoje se limitam a copiar o que há de pior no esporte. Dentro e fora de campo. Acorda Brasil!
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Pai Jeová. Depois da tempestade vem a enchente... O banho de bola dado pelo Barcelona deverá respingar no meia Ganso como ducha. A cartolagem não engoliu a venda de 10% de seus próprios direitos à DIS, inimiga número 1 do clube. Pior: Ganso revelou a transação no Japão e muita gente torceu o nariz. Não são poucos os que aprovam a venda do atleta. O garoto de ouro Neymar também se molhou. No momento em que treinadores e dirigentes europeus estavam de olho em seu futebol, decepcionou. Já ‘Muriçoca’ Ramalho perdeu o salvo-conduto conquistado com a Libertadores...

Sugismundo Freud. Uma derrota ensina muito mais do que uma vitória.

Twitface. O duelo entre Barça e Santos bombou nas redes sociais. Às patacoadas da galera: ‘Os gandulas tiveram mais posse de bola que o Santos’; ‘Dos males, o menor: Neymar não ganhou o Toyota, mas foi aquinhoado com quatro ‘Gols’; ‘Barcelona depenou o Ganso e fritou o Peixe’; ‘Barça fez sashimi de lambari no Japão’; ‘Santos TRIstemente humilhado’; ‘Patrocínio do Santos é o BMG - Barcelona Me Goleou’; ‘Neymarelou’.

Zapping. Executivos globais saborearam um ótimo sushi: o duelo Santos x Barcelona rendeu 32 pontos de audiência na Grande Pauliceia das pontes condenadas. O índice é o mesmo registrado por programas no horário nobre. Enquanto a bola corria do outro lado do mundo, a Record cravava 2,7 pontos, e o SBT, 2,5.

Tiro curto. Algum time brasileiro conseguiria parar o Barcelona ou pelo menos desempenhar um papel melhor que o Santos?

Gilete press 1. O bicampeonato mundial do Barça na mídia: ‘A Terra é do Santos. Barcelona é de outro planeta. Na verdade ficou barato, porque 7 a 1 seria o placar mais verdadeiro’ – de Juca Kfouri, no ‘Uol’; ‘Deuses e Santos’ – do espanhol ‘Sport’; ‘Peixe demasiado santinho para Barcelona de luxo’ – do português ‘Record’; ‘Messi demole o Santos’ – do ‘La Gazzetta Dello Sport’.

Gilete press 2. ‘Barcelona dá show e ratifica supremacia’ – do site da Fifa; ‘O Barcelona deixou claro que nesse momento é o rei do futebol’ – do espanhol ‘Marca’; ‘Foi muito mais fácil do que se pensava. A equipe catalã confirmou que já é uma das melhores da história do futebol’ – em ‘Veja’; ‘O Barcelona sobrou em campo, liquidou o jogo no primeiro tempo e deu uma aula de futebol’ – no ‘Globo’; ‘Gênio só existe um. Barcelona humilhou o Santos’ – do argentino ‘Olé’;

Tititi d’Aline. O Santos não voltará com prejuízo total na bagagem. Como vice, receberá R$ 7,4, milhões. Pelo show, o Barça embolsará R$ 9,3 milhões.

Você sabia que... a goleada por 4 a 0 foi a mais elástica em decisões de apenas um jogo em Mundiais de clubes?

Bola de ouro. Valdés, Daniel Alves, Puyol, Pique, Abidal, Busquets, Xavi, Thiago Alcântara, Pedro, Iniesta, Messi, Fábregas e Guardiola. Simplesmente o melhor.

Bola de latão. Neymar. Muito cartaz para pouca meritocracia – por enquanto.

Bola de lixo. Mundial. Um torneio político com a cara da mamãe Fifa. Menção honrosa: José Maria Marin. O são-paulino presidente em exercício do Circo Brasileiro de Futebol é um tremendo pé-frio. Acompanhou o Santos e deu no que deu.

Bola sete. “Se coloco o time no 3-7-0, como jogou o Barcelona, iriam chamar a polícia” (de ‘Muriçoca’ Ramalho, sobre o tico-tico sem fubá no duelo contra o flamenco).

Dúvida pertinente. Messi ou Neymar: ainda dá para comparar?