segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sob pressão, All Blacks venceram e fizeram uma partida perfeita

As três qualidades misturaram-se nas atividades do jogo, mas a pressão exercida pela defesa foi o primeiro passo para vitória. No primeiro tempo, a posse de bola da Nova Zelândia foi impressionante, passaram nada menos que 69% do tempo jogando com a bola na mão.

Tanta pressão em defesa, e também atacando a Austrália, mostrou que a forma física dos jogadores é singular. Foram 80 minutos de jogo muito intenso que os jogadores australianos não conseguiram superar.

A precisão do jogo de chutes dos All Blacks, tanto executando o chute como perseguindo a bola, revelou um Aaron Cruden muito calmo e confortável ao lado do scrum half Piri Weepu. Se antes da partida todos se perguntavam como seria sua performance sob tanta pressão, a resposta foi simples: Cruden jogou no seu estilo e negou qualquer tentativa de substituir ou atuar como Dan Carter.

Revelou também um trio de fundo de campo espetacular, principalmente Cory Jane. O ponta neozelandês foi incrível no jogo aéreo, fez recepções extraordinárias e deu tackles precisos, foi o melhor homem em campo hoje.

A Nova Zelândia ficou praticamente a partida inteira no campo de ataque porque os chutes foram bem feitos, mas também por que a perseguição da bola foi espetacular e no centro do campo Ma’a Nonu e Conrad Smith simplesmente não erraram nenhum tackle, fizeram um trabalho silencioso e importante.

Precisão e pressão também deram o tom nos reinícios de jogo. O lateral dos All Blacks foi perfeito e no scrum fixo, o trio formado por Tonny Woodcock, Kevin Mealamu e Owen Franks foi muito superior à primeira linha australiana.

Muita inteligência marcou o trabalho dos breakdowns, a promessa de tráfego sobre o pequeno Cruden não se confirmou e quem se viu envolvido com jogadores correndo na sua direção foi o terceira linha australiano David Pocock.

Pocock foi o maior responsável pela vitória da Austrália sobre a África do Sul nas quartas de final e chegou a ser a acusado de exceder o entendimento da lei do ruck para roubar ou garantir bolas.

A Nova Zelândia teve a esperteza de concentrar seu ataque em Pocock, obrigou o jogador a fazer o primeiro tackle e, por isso, ele nunca foi um dos homem de ação nos rucks. Ao mandar seu jogo contra Pocock a Nova Zelândia tirou o homem mais perigoso do adversário do jogo, fez isso sem precisar combatê-lo diretamente.

Richie McCaw, pelo contrário, foi soberano nessa área do jogo, como sempre. Perseguiu Quade Cooper e Will Genia não dando espaços para a dupla de half backs da Austrália executar jogadas. Alias, Cooper esteve muito mal na partida, tomou decisões erradas e foi mal em alguns chutes táticos.

A pressão antes da partida era toda contra os All Blacks, que precisavam vencer dentro de casa e lidar com um fantasma de 24 anos de fracassos. Para realizar essa tarefa, tiveram a capacidade de controlar as emoções, transformar a influência negativa em incentivo. Mais ainda, foram precisos e velozes. Mostraram um nível técnico e uma forma física apreciável, fizeram uma partida perfeita.