segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O título está fora de casa

Edenílson entrou em campo aos 19 minutos do segundo tempo, no lugar de Willian. Para quem precisava vencer a qualquer custo para se manter na liderança do Campeonato Brasileiro, a troca de um atacante por um volante parecia um enorme equívoco, pois teoricamente fortalecia a defesa enquanto o placar ainda apontava um 0 a 0, e tudo poderia acontecer. As circunstâncias do jogo, porém, deram razão ao treinador.


A primeira participação do volante foi um passe longo, do setor esquerdo do meio de campo, onde acabara de se posicionar, para a ponta direita. Do jeito que o meia Alex havia imaginado ao final do primeiro tempo, quando pedia paciência ao time para suportar o calor e se aproveitar de um adversário mergulhado numa crise que o mantém, agora, há 11 partidas sem vitória.

Foi exatamente o que aconteceu. Entre o domínio da bola e o passe surgiu Paulinho, o terceiro nome do trio de volantes da equipe, para finalizar de primeira e levar o Corinthians à sexta vitória fora de casa, a primeira depois de dois meses, quando superou o Atlético Mineiro, de virada.

A dificuldade de vencer como visitante custou caro ao grupo na temporada passada. Foram apenas quatro triunfos em 19 oportunidades, o que certamente ajudou a definir o título para o Fluminense de Muricy Ramalho.

Não se pode dizer que o time tenha superado esse problema, mas os números melhoraram, mesmo diante de um Cruzeiro destruído psicologicamente, premiado com um pênalti inexistente pelo árbitro Pablo dos Santos. Montillo, o melhor cruzeirense, e um dos principais alvos do Corinthians para 2012, mandou para longe.

E assim a turma de Tite vai se mantendo na ponta. Não existe, a essa altura, uma equipe que possa ser apontada como favorita. Com apenas o atacante Taubaté como opção, o treinador preferiu mexer no meio de campo e na defesa. Com o que havia à disposição no banco, não havia o que fazer.

A presença de Adriano entre os reservas nos dois jogos anteriores era, na verdade, um problema a mais para Tite administrar. Ao entrar em campo aos 18 minutos do segundo tempo contra o Botafogo, na quarta-feira, o centroavante deixou claro sua falta de mobilidade para enfrentar uma partida entre profissionais, mesmo ficando apenas estacionado na área. Teve dificuldade para fazer o básico da função: saltar para cabecear, girar sobre a marcação e bater no gol.

Por enquanto, não dá. Colocá-lo em campo é uma exposição desnecessária de suas limitações. O melhor a fazer é condicioná-lo para as cinco rodadas finais, entre 12 novembro e 3 de dezembro. Até lá, o jogador terá quase um mês para se preparar. O risco é ficar pronto no momento em que a equipe entrar em férias. Se Adriano conseguir entrar em campo a ponto de fazer a diferença, o Corinthians vai receber um grande reforço na disputa dos últimos 15 pontos do Brasileirão. Dentro e fora do Pacaembu.

Crise sem fim. O que mais impressiona na interminável crise palmeirense é ver a instituição cada vez mais adaptada a ela, incorporando os problemas como parte do processo, e sem reação. Com Felipão em Portugal para o casamento do filho, o vasto bigode de Flávio Murtosa não foi suficiente para impor respeito ao adversário. E nem fazer o Palmeiras correr.

O primeiro tempo foi todo do Fluminense. A conclusão é que se está ruim com Scolari, sem ele vai ficar muito pior. Nem um pênalti inventado, na etapa final, marcado sobre Luan e convertido por Valdívia, foi capaz de mudar uma situação que parece ser a normalidade de jogadores e cartolas. O Palmeiras dá a impressão de ter mesmo se acostumado à turbulência.