terça-feira, 5 de abril de 2011

Após acidentes, Nascar se torna referência na segurança dos carros

O acidente fatal de Gustavo Sondermann na categoria de acesso à Stock Car, no último domingo, em Interlagos, levantou questões referentes à resistência dos carros em caso de impactos laterais. Para tentar evitar tragédias como a de Sondermann, a americana Nascar fez uma série de estudos após a última morte em suas corridas, a do heptacampeão Dale Earnhardt no oval de Daytona, em 2001. Minuciosos, os testes deram resultado e mudaram os parâmetros de segurança da categoria.
Segurança - Nascar nos EUA (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)A segurança dos carros é preocupação constante na Nascar (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Em Charlote, no Centro de Tecnologia da Nascar (o R&D Center), uma série de exames são feitos para evitar problemas durante as corridas. Construídos em ferro pelas equipes, os chassis dos carros são bem pesados e bastante resistentes. A categoria faz a medição da densidade das placas do metal na célula de sobrevivência, o cockpit, em 70 pontos diferentes para garantir a resistência do local mesmo em caso de acidentes mais fortes. Os modelos só podem ir para a pista se certificados pelos técnicos, que colocam etiquetas eletrônicas em pontos-chave do chassi.
Segurança - Nascar nos EUA (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)Sistema de segurança da Nascar se torna
referência (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Para a temporada 2011, os parâmetros para a construção do assento do piloto foram aumentados. Apenas a fibra de carbono é permitida. As proteções para a cabeça, o pescoço e os quadris também ficaram mais resistentes. Os técnicos da Nascar criaram uma máquina que mede o impacto nestes pontos. Uma força de até 20 toneladas é aplicada no local, que só pode deformar 12 milímetros, limite de simulação para o piloto não ser atingido.
- Eram aceitos bancos de alumínio e, a partir desta temporada, passamos a certificar apenas bancos de fibra de carbono, que deformam menos em caso de um acidente. Nossa preocupação foi desenvolver uma máquina para simular os impactos laterais, já que o cinto de segurança só funciona nas batidas frontais. Quanto aos chassis, colocamos uma proteção de espuma absorvente na porta e a célula de sobrevivência tem regras rígidas de construção - diz Mike Fisher, diretor do R&D Center da Nascar.
Para Nelsinho Piquet, Nascar poderia ser uma referência
Nelsinho Piquet, piloto da equipe Kevin Harvick Inc. na Nascar Truck Series, também já andou nas picapes da categoria de acesso da Stock Car. O brasileiro disputou a etapa de Curitiba, no início do ano passado e disse que os carros são completamente diferentes. Para ele, a categoria brasileira poderia se inspirar na americana.
- Sempre me senti seguro nos carros da Nascar, embora seja novo demais para me preocupar com este tipo de coisa. Para quem vê de fora, a Truck Series e a categoria de acesso à Stock Car podem ser muito parecidas, mas são completamente diferentes. Um não tem nada a ver com o outro. Corro com um modelo que tem o mesmo desenvolvimento da Sprint Cup, a principal aqui. Uma saída seria a Stock Car copiar a Nascar ou outra categoria, para não ter de gastar dinheiro com pesquisa e desenvolvimento. Mas o automobilismo é um esporte de risco - diz Nelsinho.