sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Em busca da legião feminina




EM 2004, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) resolveu se voltar para os torneios profissionais masculinos. Usando verba de seu principal patrocinador, incentivou a promoção de Futures pelo País para tentar alavancar nossos tenistas no ranking da ATP. Na época, a entidade subsidiava as competições e, naquele ano, 20 torneios masculinos (entre Futures, Challengers e ATP) foram realizados em solo brasileiro, mais do que o dobro de anos anteriores. Qual o resultado? Muitos garotos fizeram seus primeiros pontos e começaram a figurar no ranking. E essa política continuou, o que certamente facilitou a vida de muitos jovens aspirantes ao profissionalismo.
Para se ter uma ideia, no fim de 2004, Thomaz Bellucci, o brasileiro melhor colocado na ATP atualmente, tinha meros 2 pontos no ranking. Outros nomes que hoje se aventuram em torneios maiores, como Ricardo Hocevar, Caio Zampieri, João Souza, os irmãos Daniel e Rogério Silva etc, estavam começando a pontuar naquela época e usaram (alguns ainda usam) os torneios no Brasil como trampolim para posições mais altas na lista da ATP.
Enquanto desde 2004 os torneios masculinos pipocaram no Brasil, com média de 30 por ano, e mais jovens pontuaram (atualmente são mais de 80 brasileiros com ao menos 1 pontos), as competições femininas não acompanharam esta evolução e nossas meninas continuaram sofrendo. No entanto, ao que tudo indica, esse cenário parece destinado a mudar a partir desta temporada.
Em 2010, com apoio da CBT (que vem subsidiando os torneios, pagando taxas, árbitros e bolas) e de promotores que se valeram da boa vontade e também da Lei de Incentivo ao Esporte, devemos terminar o ano com 19 – sendo cinco Challengers e 14 Futures. Parece pouco se comparado com o circuito masculino no País – que em 2010 deve terminar com o recorde absoluto em nossa história, com 42 eventos, sendo um ATP, oito Challengers e 33 Futures –, mas já é um número interessante. Tanto que, em termos de circuito de Futures femininos, perdemos somente para Estados Unidos, Itália, Espanha, França, Turquia e Japão. No masculino, se contarmos apenas Futures, ultimamente temos perdido apenas para a Espanha em número total de eventos.

OS NÚMEROS VALEM PARA QUÊ?

A relação pode não ser tão clara, mas a verdade é que o aumento do número de torneios masculinos no Brasil ajudou, sim, a alavancar algumas carreiras, facilitando a vida de muitos jovens que certamente não teriam dinheiro para ficar viajando para o exterior em torneios Future – que mal servem para pagar as contas do tenista naquela semana em que está disputando a competição. Basta pegar o total de jogadores ranqueados e perceber que o nosso circuito de Futures montou uma base sólida. Desde 2006 temos tido mais de 80 jogadores com pelo menos 1 ponto na ATP (exceto por 2007) e cerca de 20 entre os top 500 nos últimos três anos. Assim, o desafio declarado da CBT, desde que percebeu esse fenômeno, é tentar ajudar a organizar mais Challengers, que dão mais pontos e ajudam nossos tenistas a ficar cada vez mais perto do top 100. Isso sem diminuir o número de Futures, obviamente.