sexta-feira, 4 de março de 2016

Prass, herói especializado em salvar cabeça de técnico. Boa hora para dizer tchau a Marcelo

FERNANDO DANTAS/GAZETA PRESS
Fernando Prass durante jogo entre Palmeiras x Rosario Central
Fernando Prass durante jogo Palmeiras x Rosario Central: apesar do gesto ele salva o técnico
Há quem duvide do óbvio, os descrentes se negam a aceitar que o futebol é a melhor invenção do homem. Nosso esporte desafia a lógica e reescreve os conceitos do que é justo, ou não, por linhas próprias. E deu mais uma demonstração na noite chuvosa do Allianz Parque.
Enquanto havia tempestade, o Palmeiras era melhor. Jogo mais brigado, bola parando na água, como no lance do gol de Cristaldo, que "tabelou" com a poça. Saiu para o intervalo com 1 a 0 fazendo o seu máximo sob o comando de Marcelo Oliveira, se entregando muito em campo, luta sem grande organização. Merecido.
Garcia, Villagra, Montoya, Lo Celso, Fernández, Donatti e Larrondo, os dois últimos lesionados, são titulares do campeonato argentino que não começaram a peleja em São Paulo. Os contundidos enfraqueceram o jogo aéreo do Central, mas nem isso os deteve.
No segundo tempo a chuva foi embora e o gramado ficou mais seco. Com a bola rolando o misto do Rosario Central, mais reserva que titular, assumiu o controle do cotejo, dominou amplamente o Palmeiras e só não virou o placar por que é futebol e havia Fernando Prass.
SERGIO BARZAGHI/GAZETA PRESS
Cristaldo é abraçado por companheiros de Palmeiras após marcar sobre o Rosario
Cristaldo é abraçado por companheiros de Palmeiras após marcar sobre o Rosario 
Ele catou o pênalti de Marco Ruben, artilheiro do último campeonato argentino com 21 gols, cinco de penalidades máximas e três de cabeça. É o batedor oficial  do Central. Larrondo, com um só tento de penal no certame de 2015, cobrou contra o Nacional porque o camisa 9 estava fora.
No momento da cobrança, este blogueiro postou no Twitter o vídeo do mais recente pênalti batido pelo goleador do time rosarino, domingo, contra o Colón, no canto esquerdo, fechando o placar em 3 a 0. O arqueiro palmeirense sinalizou para o mesmo lado, saltou para o outro e acertou a escolha de Ruben, na direita.
Após o jogo, ainda em campo, Fernando Prass revelou que, aproveitando o trabalho do núcleo de estudos e observação dos adversários palmeirense, analisou até antigas batidas de Marco Ruben. Ele sabia, inclusive, que o goleador escolhera o outro canto quatro dias antes. Genial. Profissional. Não se trata de um herói por acaso.
O segundo tempo no Allianz Parque marcou um dos maiores sufocos sofridos por um clube campeão da Libertadores em sua casa no certame. O Central somou 12 finalizações, cinco certas, parando em Prass, contra somente duas do Palmeiras.
Na etapa final, o time argentino disparou na posse de bola, que nos 90 minutos foi de 65% para os visitantes. Foram 224 passes certos do Rosario Central no segundo tempo contra 42(!) do Palmeiras (206 a 112 também para os de amarelo na primeira metade da peleja). No geral 430 a 154, quase três vezes mais.
Assustador nos números e no que se viu. Obviamente o torcedor tem o direito de ignorar isso na euforia da vitória. Mas depois, de cabeça fria, saberá que seu time foi muito mal e que a vitória é mais um sinal do quão ruim está o futebol em relação ao que o elenco pode produzir.
A incompetência dos atacantes Canallas nas finalizações foi tão grande quanto a diferença de estrutura dos times em campo. A abissal distância na qualidade no trabalho de cada treinador estava claramente exposta. E o Central não é um time caro, formado com alguns veteranos e vários jogadores da base.
GETTY
Marcelo Oliveira durante jogo do Palmeiras contra o Rosario Central
Marcelo Oliveira durante jogo do Palmeiras contra o Rosario Central
Então a pergunta teimosamente se repete: até quando os rumos de um elenco com tamanho investimento devem se pautar apenas por alguns resultados? Sinceramente, alguém ainda acha que Marcelo Oliveira conseguirá fazer essa equipe jogar um bom futebol? Um time organizado? Competitivo? Que saiba se impor?
O jogo da noite chuvosa em São Paulo deu todos os motivos, razões, justificativas para quem pode, e deveria, demitir o técnico do Palmeiras, que segue por um fio.