sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Política tricolor

O advogado do Fluminense ficou famoso, se transformou em vice-presidente de futebol e é o candidato natural à presidência do clube pela situação em novembro do ano que vem. Mas Mário Bittencourt até aqui não conta com o estratégico apoio do grupo que sustenta politicamente a administração Peter Siemsen, hoje em seu segundo mandato, a Flu Sócio, que emitiu nota oficial a respeito.
Seus integrantes ficaram preocupados com as contratações feitas por Bittencourt à frente do futebol, casos de Wellington Paulista, Oswaldo, Henrique e Ronaldinho Gaúcho. Para atrair tal apoio, o atual vice precisará convencer a Flu Sócio de que manterá forte o trabalho de Xerém, onde o clube revela bons jogadores. Contratações mais "pé no chão" e a preservação de lideranças como Fred e Diego Cavalieri. É o que forma o pensamento do grupo para o futebol tricolor.
E não é só. Se Mário Bittencourt não mostrar que está em sintonia com a forma como Peter tocou as finanças, dificilmente contará com este apoio. O atual presidente deu ênfase à reestruturação econômico-financeira do Fluminense, preparando o clube para a vida sem a parceria com a Unimed. Quando o acordo acabou, muitos apostavam numa grande queda, que não aconteceu, com a readequação de um elenco ainda bom.
ESPN
Mário Bittencourt durante entrevista coletiva nas Laranjeiras: nome da situação para 2016
Mário Bittencourt durante entrevista coletiva nas Laranjeiras: nome da situação para 2016
Por outro lado, a priori Mário parece contar com o apoio dos integrantes do Sócio Futebol, programa que atraiu novos associados. Eles chegaram ao clube motivados pelo time, sem maiores preocupações com o clube social e outros aspectos. E têm direito a voto para presidente após dois anos de associação. Pelo perfil, prioritariamente pensarão no elenco que cada candidato aparentemente montará.
Talvez não tenham a influência política da Flu Sócio, contudo é um contingente mais numeroso. Na visão de integrantes do grupo que forma a base de sustentação do atual presidente, Bittencourt, que não pretende falar sobre o cenário político-eleitoral por enquanto; precisará assumir compromissos. Entre eles, dar importância ao trabalho feito em Xerém, coordenado pelo gerente de futebol da base, Marcelo Teixeira.
A oposição deverá ter Pedro Trenghouse como candidato. De zero a 10, a chance de ele concorrer em 2016 "hoje é oito", disse ao blog o advogado. "O Julio Bueno (Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Indústria do Rio de Janeiro, que concorreu a presidência do Fluminense em 2010) tem estimulado essa possibilidade e gostaria de propor uma reflexão mais ampla", acrescentou.
REPRODUÇÃO TV
Pedro Trengrouse, especialista em direito esportivo: provável candidato
Pedro Trengrouse, especialista em direito esportivo: provável candidato
"O modelo de negócio do futebol, baseado primordialmente nas receitas de TV, diretas e indiretas, está com dias contados. É fundamental que se construa alternativas e a internet é o caminho. Essa mudança é muito mais importante que a eleição", frisa.
O provável candidato assegura: "Antes do Julio Bueno e do Deley (ex-jogador e atual deputado federal pelo PTB) me procurarem para estimular isso, nunca havia pensado em ser candidato a presidente do Fluminense". Ele defende torcedores participando da gestão, "ajudando a escolher e pagar técnicos, jogadores, dívidas e investimentos".
Apesar de provável candidato oposiocionista, por enquanto Trenghouse, adota discurso conciliador: "A eleição está longe e o cenário pode mudar muito até lá. Se conseguisse promover essa reflexão já me daria por satisfeito. Reconheço muitas qualidades na gestão do Peter, a começar pela construção do novo Centro de Treinamento, que o Pedro Antonio (vice-presidente de Projetos Especiais) está tocando", destaca o também especialista em direito esportivo.
É, a eleição para a presidência do Fluminense ainda está longe, faltam 13 meses. Mas observando o cenário político, que esquenta, até que não parece tão distante assim.