segunda-feira, 22 de junho de 2015

Do que vale a sobrevivência do Brasil na competição? Dunga e a cultura do sofrimento

E o Brasil avançou na Copa América. No fim com zagueiros espalhados em diferentes posições, é verdade, mas com o óbvio objetivo de deter o poderoso ataque venezuelano. É a cultura do sofrimento do técnico Dunga: "Temos condição e equipe para vencer. Mas vamos sofrer em todas as competições", disse ele na véspera do triunfo por 2 a 1.
Duro perceber o conformismo de tantos, discutindo a sobrevivência do time na competição. Passar adianta num torneio do nível técnico da Copa América é mera formalidade. Como deve ser para o time do Brasil em qualquer competição. Ou alguém acharia normal sair na primeira fase, mesmo que fosse uma Copa do Mundo?
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Robinho jogou na vaga de Neymar e foi substituído no segundo tempo pelo zagueiro Marquinhos
Robinho jogou na vaga de Neymar e foi substituído pelo zagueiro Marquinhos: cautela
A sobrevivência do futebol brasileiro é que importa. E ele segue respirando por aparelhos quando se constata a má qualidade do que é apresentado e a falta de ambição por um jogo mais competitivo, de imposição técnica, com repertório. O resultado é o que importa dentro da filosofia vigente. E nada mais.
Um time no qual os dois volantes não finalizaram sequer uma vez nos três jogos. Isso mesmo, Fernandinho e Elias não arremataram contra as metas rivais. É mais um exemplo da forma como Dunga e outros treinadores vêem futebol, como mostramos em outros post tendo Luiz Gustavo como exemplo — clique aqui e leia.
 
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Fernandinho e Elias ainda não chutaram ao gol na Copa América; Mauro compara números
No último campeonato inglês, o jogador do Manchester City desferiu 23 tiros em 33 pelejas marcando três vezes. Na atual temporada, em Libertadores e Série A, o coritiano soma 12 jogos, 11 finalizações e quatro gols. No ano passado, sob o comando de Mano Menezes, Elias chutou 35 em 24 partidas pelo Corinthians.
Não há dúvida que na visão do atual treinador, volantes apenas marcam e protegem as subidas dos laterais. Quando o jogo caminha para o final, a idéia será se proteger contra o adversário, jamais buscar um placar mais amplo que nocauteie o rival. Conceitos que num ou outro  clube poderiam até ser tolerados. Numa seleção pós-7 a 1, não dá.
 
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Para Mauro, classificação do Brasil à próxima fase é mera formalidade; entenda
É a propagação da cultura do sofrimento, tentiva clara de escapar da responsabilidade maior: reconstruir o time brasileiro para que jogue futebol competitivo e de bom nível. Mesmo que isso custe um tropeço aqui ou acolá. Do que valem vitórias em amistosos e números exibidos como troféus se não é possível ver um bom futuro pela frente?