terça-feira, 31 de março de 2015

"Superbowl" do Pro-Wrestling dá show de produção e serve de exemplo para o MMA


A WWE, sigla para World Wrestling Entertainment, é a maior liga de pro-wrestling do mundo. Esta modalidade é uma espécie de luta onde tudo é combinado, mas que possui muitos fãs devido as performances de seus atletas/atores.

Não é por acaso que Brock Lesnar, um de seus principais astros, ajudou a levantar os números do UFC quando migrou para o MMA, tornando-se o recordista de vendas de ppv graças ao apelo que trazia também junto aos fãs do pro-wrestling.

Neste domingo foi realizado o "Wrestlemania", o Superbowl desta liga. Anualmente, este show reúne o que há de melhor na WWE. Na edição deste domingo, cerca de 78 mil pessoas lotaram um estádio em São Francisco (EUA) para assistir o evento.

Assisto com certa frequência estes espetáculos, mas nunca tinha visto o "Wrestlemania" ao vivo (em casa, não pessoalmente). Me impressionei com o que assisti. Uma superprodução de um show que durou cinco horas, além de toda uma programação durante a semana.

Antes de tudo, vale ressaltar que nem mesmo eles consideram o que praticam como um esporte de verdade. É um show de entretenimento. É como você assistir uma novela ou série de tevê que possui várias ramificações. Há dois grandes eventos semanais, um intermediário, um reality show com mulheres, um para revelar talentos, um evento especial mensal, etc.

Dá pra entender o tamanho do negócio?

O "Wrestlemania" é tão grande porque é tratado com muito cuidado pelos organizadores durante meses. Com a possibilidade de se criar todo um enredo, cada luta programada para esse show é precedida por algo parecido com uma novela que inicia-se até alguns meses antes. A ansiedade dos fãs vai crescendo e o resultado é sempre o mesmo: casa cheia nos estádios e um público enorme pela tevê. Foi sua 31ª edição.

Mas, se estamos falando de algo em que as lutas são combinadas, o que o MMA pode aproveitar?

A maneira de promover as lutas é um dos grandes trunfos. A promoção de José Aldo vs Conor McGregor, por exemplo, está passando um pouco do ponto. Eles estão indo a tantos lugares, gerando sempre o mesmo tipo de notícia, que está começando a saturar os fãs. Bastaria uma visita ao Brasil, uma a Irlanda e uma aos EUA e o burburinho já estaria enorme.

A montagem de um card com muitas estrelas. Nos tempos do Pride, eram várias as etapas em que os oito combates programados eram espetaculares. Claro, o MMA é um esporte contundente onde as lesões acontecem com frequência durante os treinamentos. Mas por que não marcar um grande show no ano com duas disputas de títulos e pelo menos outros quatro ou cinco combates envolvendo os tops 10 das categorias?

O tradicional evento de julho do UFC em Las Vegas seria uma boa oportunidade, não acha?

Promoção. Na semana do "Wrestlemania", o que se viu foi uma verdadeira massificação do show nos EUA. Foram feitas feiras, participações nos principais programas de tevê por lá (talk show, podcasts, Sportscenter), e até uma cerimônia de Hall da Fama que contou com a participação de Arnold Schwarzenegger.

Ah, detalhe importante: o "Wrestlemania" não passou em nenhuma emissora no Brasil. Sabe como eu assisti? Por um serviço oferecido por eles cuja assinatura custa US$9,99 mensais. Foi criado há um ano e há pouco tempo comemoraram a marca de um milhão de assinantes. Fez a conta do faturamento?
GETTY
Ronda Rousey tem o braço erguido e recebe cinturão de Dana White no UFC 184
Ronda Rousey estava na primeira fila e fez uma ponta no Wrestlemania
Quem esteve por lá e fez uma pontinha foi Ronda Rousey. A campeã do UFC jogou o chefe da franquia pra fora do ringue e deu uma chave de braço na esposa dele. Até Dana White gostou.

Abordei algumas semanas atrás a possibilidade de Brock Lesnar voltar ao UFC após o "Wrestlemania", mas ele deu fim à essas especulações na semana passada, ao anunciar no "SportsCenter" que acabara de renovar seu contrato com a WWE. Na noite deste domingo, ele fez a luta principal do evento e acabou derrotado. Agora, os redatores devem preparar uma tremenda novela e gerar uma grande audiência nas próximas semanas com seu retorno.

Que fique claro que o MMA e a WWE são bem diferentes. Apesar de grandes performances, os atletas da WWE são mais atores do que lutadores, e fazem isso muito bem. Mas, por ser bem mais antigo que o MMA, pode sim servir de vitrine para os promotores do Mixed Martial Arts em muitas coisas que fazem e dão certo.

Exceto as lutas ensaiadas, é claro ;)