"Eu tirei o Bernardo do meio e coloquei pela esquerda, na ponta, porque ele ainda está recuperando a parte física".
A explicação é do técnico Doriva para a mudança tática do time titular do Vasco para o jogo-treino contra o Volta Redonda no CT João Havelange, em Pinheiral. Justificativa plausível dentro de uma pré-temporada que é útil também para testar e rodar o elenco.
O resultado prático, porém, não foi positivo. Em 50 minutos, os titulares sofreram uma espécie de "efeito dominó" com a troca de posicionamento na frente. Nos coletivos e trabalhos táticos anteriores, Bernardo vinha atuando mais centralizado, atrás de Marcinho, que era uma espécie de "falso nove". Montoya e Rafael Silva trabalhavam pelos flancos. Assim a equipe mostrou um pouco de desenvoltura e mobilidade no ataque.
Contra o Volta Redonda, Rafael Silva avançou como único atacante do 4-2-3-1 e Marcinho recuou como meia central. Sem Guiñazu, dispensado por conta da morte do pai, Doriva escalou Lucas, ex-Macaé, ao lado de Sandro Silva.
O time travou. Mesmo descontando o início de temporada e a carga de trabalhos físicos neste período, a equipe titular perdeu fluência ofensiva. Porque Rafael Silva ficava encaixotado entre os zagueiros adversários. Montoya, canhoto pela direita, e Bernardo, destro à esquerda, saíam da ponta para o meio tentando se juntar a Marcinho na articulação e indefinir a marcação dos volantes.
A movimentação também abria os corredores para os laterais passarem. Jean Patrick e Christiano até fizeram algumas ultrapassagens no início do treinamento. Mas quando o Volta Redonda soltou a dupla Henrique-Niltinho pela direita e Hugo, ex-Bangu, à esquerda, o Vasco perdeu essa possibilidade. Afunilou o jogo com trocas de passes burocráticas, também pela falta de criatividade dos volantes Sandro Silva e Lucas, e o Volta Redonda teve boas oportunidades ainda com os titulares em campo.
"Quando a gente usa essa surpresa do lateral, tem que ser em alta velocidade e com coordenação. Os jogadores que estão abertos flutuam para dentro e abrem os corredores para os laterais passarem", esclarece o treinador cruzmaltino, que não foi atendido e o time perdeu profundidade nas jogadas de ataque.
OLHO TÁTICO
O 4-2-3-1 dos titulares do Vasco que não funcionou: Rafael Silva entre os zagueiros, Montoya e Bernardo nas pontas afunilando sem apoio dos laterais.
Surpreendentemente, o time reserva até mostrou velocidade na frente, com os garotos Yago, Marcos do Sul e Guilherme, depois Romarinho. Faltou, porém, uma participação mais efetiva de Julio dos Santos, uma das principais contratações para a temporada.
Muito lento e sem ritmo, o meia paraguaio circulou entre as intermediárias quase sem tocar na bola deixando a distribuição no meio para Vitor Bolt e Jhon Cley. Só apareceu para perder um GOL
feito no final do treinamento que durou cerca de uma hora, para que Doriva observasse todos os jogadores. O técnico terá que escolher apenas 28 de 35 atletas para a disputa do Campeonato Carioca.
feito no final do treinamento que durou cerca de uma hora, para que Doriva observasse todos os jogadores. O técnico terá que escolher apenas 28 de 35 atletas para a disputa do Campeonato Carioca.
No final, derrota por 1 a 0 e o Volta Redonda ainda perdeu um pênalti que Hugo sofreu e bateu na trave. A primeira impressão do Vasco em 2015 não foi das melhores. O time parte para a disputa do Torneio Super Series em Manaus com São Paulo e Flamengo e Doriva terá muito trabalho para montar uma equipe competitiva com elenco tão frágil.
O treinamento em Pinheiral serviu, ao menos, para mostrar o que não deve ser repetido nos jogos.
