terça-feira, 22 de julho de 2014

“Der Spiegel”: Dunga, o velho e as marionetes do sistema Teixeira

O jornalista Constantin Wissmann, correspondente da revista “Der Spiegel” no Rio de Janeiro, avalia que a decisão da CBF de convocar Carlos Dunga para dirigir os destinos da seleção brasileira nos próximos quatro anos é uma volta ao passado. Para muitos torcedores brasileiros, o novo técnico é um velho que ao assumir o comando do time principal do Brasil, destruiu os seus sonhos de que finalmente haveria um recomeço na história do futebol brasileiro. Ledo engano.
Para o colunista Humberto Miranda “…com esta decisão a CBF provou que só sabe olhar para o seu passado, é incapaz de vislumbrar o futuro.”
Wissmann não se admira: “A falta de criatividade na Confederação não surpreende. O presidente é um senhor de 82 anos chamado José Maria Marin que fez parte da ditadura militar. Ele chegou ao cargo porque era o mais velho de muitos vice-presidentes, quando o seu antecessor Ricardo Teixeira teve que se refugiar no exílio nos Estados Unidos. Teixeira foi acusado em inúmeros casos de corrupção. Marin e seu sucessor já designado, Del Nero, são apenas marionetes do sistema Teixeira. O ex-goleiro e agente de jogadores Gilmar Rinaldi é o novo coordenador técnico que nunca se destacou por visões inovadoras no futebol, mas é amigo de Dunga. Ambos são do sul do país e jogaram juntos no Internacional de Porto Alegre.”
“Desde o fracasso da última seleção do “Jogo Bonito” em 1982, passou a se jogar no Brasil um futebol físico e atlético permeado por alguns jogadores geniais como Romario, Bebeto, Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo que ainda ajudaram o Brasil a conquistar dois títulos mundiais (1994 e 2002). Depois disto, fecharam-se as portas do Depto. de Criação na seleção brasileira que atualmente está entregue a um único e solitário talento chamado Neymar.”
O jovem jornalista André Kfouri escreveu no ‘Lance’: “Na semifinal em Belo Horizonte duas eras do futebol se confrontaram. Vimos o passado e o futuro no mesmo campo. Um smartphone e um pombo-correio doente. Lado a lado. A Alemanha jogou como o Brasil jogava antigamente. Nossa única chance será começar tudo de novo da estaca zero.”
E Wissmann conclui: “Nestes dias, muitos torcedores brasileiros olham para o futebol alemão e reconhecem o trabalho que a Federação Alemã de Futebol realizou nos últimos anos. Seria uma grande surpresa para todos estes brasileiros, se Dunga tiver a coragem de recomeçar do zero para fazer com que o Brasil volte ao seu Jogo Bonito.”