terça-feira, 1 de abril de 2014

Após derrota, a eliminação está longe de ser o pior problema do Palmeiras

Gazeta Press
Paulo Nobre lamentou a tragédia na Arena Corinthians
Paulo Nobre que se prepare: oportunistas aguardavam ansiosos resultado como o de domingo

A derrota para o Ituano eliminou o Palmeiras do Campeonato Paulista. A mais nociva das consequências do resultado para o clube, contudo, será dar munição a uma oposição continuamente danosa e às suas torcidas organizadas violentas e mal acostumadas.
Com ou sem Libertadores, não defendo o desprezo aos estaduais. Por respeito à torcida, qualquer título, quando disputado com a camisa de um grande cube, merece ser jogado e, se possível, conquistado com afinco.
Ou seja: a avaliação do início deste texto nada tem a ver com a importância do Paulistão. Tem a ver apenas com o imenso estrago que "inimigos políticos", estejam eles dentro do clube, na torcida ou até em parte da imprensa que se sente desafiada, são capazes de fazer a um time de futebol.
Não é exclusividade do Palmeiras. Flamengo e Corinthians de hoje que o digam. Historicamente, porém, ninguém sofre tanto com este problema no futebol brasileiro como o clube cujo centenário será celebrado em agosto.
Não se trata de defender determinada ala ou grupo político. Até porque, como se sabe, a oposição de hoje é a situação de amanhã. E vice-versa. E no Palmeiras, invariavelmente, a oposição deixará de lado sua função fiscalizadora para simplesmente atrapalhar e acabar com a paz e as condições de trabalho salubres entre dirigentes, comissão técnica, jogadores e torcedores.
Após o 1 a 0 para o Ituano, as circunstâncias inusitadas do jogo e do torneio, além da própria natureza do futebol, serão ignoradas em detrimento dos vereditos que surgem primeiro em redes sociais para, na sequência, criar uma enxurrada de comentários populistas em programas de TV igualmente populistas.
Ao apito final, já era possível antever tais vereditos.
As (não poucas) boas contratações que fizeram do elenco um grupo bem mais confiável que o de anos anteriores serão desprezadas. Agora será preciso seguir a velha regra do futebol brasileiro: ter "ambição", contratar alto e torrar um dinheiro que não existe.
A torcida organizada, com sua visão deturpada do futebol e de sua própria importância, se sentirá autorizada a fazer crescer sua mancha de estupidez com violência, pichações e faixas. Tudo isso, sabe-se bem, por ter perdido as regalias às quais estava habituada.
O técnico, em que pese as recentes e frustrantes passagens recentes de medalhões como Luxemburgo, Muricy e Felipão pelo mesmo Palmeiras, precisará ser trocado por um... medalhão.
A reformulação das categorias de base. O fim do indecente Palmeiras B. A melhora na circulação de informações que evitou vazamentos a colunistas ávidos por qualquer migalha de informação sem credibilidade. A profissionalização de setores do clube. A ausência de discursos e ações populistas tão nocivas ao futebol em geral.
Estas e outras conquistas ou virtudes da atual diretoria alviverde serão esquecidas ou minimizadas porque, afinal, o Palmeiras perdeu do Ituano.
Os erros também existem, como costumam existir em quase todos os trabalhos humanos. O "caso Barcos", até hoje mal explicado, é bom exemplo. A ausência do patrocinador dura mais que o razoável. Alan Kardec não tem reserva...
Ainda que existam, contudo, os equívocos da atual gestão estão longe de ser o principal problema do Palmeiras de 2014.
O maior problema do Palmeiras de 2014 é o mesmo do Palmeiras de vários outros anos. É ter muita gente, dentro de sua própria casa, para quem prevalece a máxima do "quanto pior, melhor".