domingo, 23 de março de 2014

"Comer, Rezar, Amar", livro de Elisabeth Gilbert, já vendeu perto de 9 milhões de exemplares em 36 idiomas. E inspirou o filme de mesmo nome estrelado por nada menos que Julia Roberts, belíssima, como sempre.
É uma história vivida pela autora que, desiludida após uma traumática separação, deixa os Estados Unidos e se aventura por Itália, Índia e Indonésia. Uma busca por tudo aquilo que o próprio titulo já deixa nítido.
As 472 páginas trazem algo que o diretor Ryan Murphy e seus roteiristas, tola e absurdamente, deixaram fora da "película". Ela vai a um jogo no mítico Estádio Olímpico de Roma. E lá, se delicia na Curva Nord ouvido uma série de palavrões desferidos por um fanático torcedor laziale.
"Naquele estádio, aprendi todo tipo de palavras novas e interessantes que não se aprende na escola. Sentado atrás de mim havia um velho que desfiava uma sucessão fenomenal de impropérios, enquanto gritava para os jogadores (...)", conta Gilbert no capítulo 23.
A autora americana, que se propunha a aprender italiano, vinha estudando para dominar a língua o quanto antes. Para isso, era apresentada a pelo menos 20 palavras por dia. E não se ofendia quando seu amigo Luca traduzia o que o "tifosi" da Lazio gritava. Muito pelo contrário.
"O que quer dizer 'cafone'"?, questionou.
"Cuzão", respondeu o romano sem desgrudar os olhos do gramado.
E assim foi durante toda a peleja transformada pela autora em aula intensiva de italiano real, das ruas, do dia-a-dia, dos estádios! É como funciona nas canchas do mundo inteiro. A bola rola também movida a... palavrões.
Fora do futebol, se utilizados no contexto certo, são quase insubstituíveis. Na linguagem popular, dificilmente um termo educado dá a mesma ênfase a algo que mereça imenso destaque. Seja um golaço, uma comida saborosa, um lugar paradisíaco, um carrão, uma mulher bonita.
Em "Procurando Mônica", um dos personagens (reais, claro) mais divertidos chama-se "Hélio Palavrão". O apelido auto-explicativo deixa evidente sua principal característica. E esconde outras, como a generosidade exposta nas páginas do livro escrito (e vivido) por José Trajano.
Mas na "Era" dos coxinhas e dos politicamente corretos, há quem queira banir os Hélios da nossa rotina e os palavrões dos estádios. Como se jamais um puritano tivesse ido a um jogo. Há décadas os que vão e voltam acabam por se acostumar. Muitos certamente aderem. Quem nunca conheceu alguém que só falava palavrão no campo de futebol?
Este é um post em defesa da liberdade de expressão para os "Hélios Palavrões" das arquibancadas. E também um texto de protesto contra Ryan Murphy. Por causa dele deixamos de ver na tela Julia Roberts em plena arquibancada do Olímpico de Roma. Linda e sem frescuras, se deleitando ao som dos mais bem ditos turpilóquios em italiano que tanto se ouve no "calcio". No futebol.
Ela (foto abaixo, magnifica) e o tal diretor merecem palavrões. Por razões distintas, naturalmente.
PS: após uma breve pausa por motivos razoáveis, voltemos às férias. Até dia 31.
Uma missão do blogueiro é acompanhar a seleção inglesa até o final da Copa 2014. Acesse conteúdo sobre o time conhecido como "Three Lions" aqui no blog ou no Canal Inglaterra do site clicando aqui
divulgação
Julia Roberts em cena do filme: ela não viveu, nas filmagens, a experiência da autora no Estádio Olímpico
Julia Roberts em cena do filme: ela não viveu, nas filmagens, a experiência da autora no Estádio Olímpico