domingo, 2 de fevereiro de 2014

O "inocente" Neymar

Imbróglio previsível esse entre Barcelona, Santos, DIS e os "Neymares" pai e filho. Desde sempre foi confusa e até tensa a relação tríplice que incluia o jogador e seu staff (pai, agente, etc), investidores e o clube que o revelou. Era assim com Paulo Henrique Ganso também. Piorou com a entrada do clube catalão em cena, algo que, como se sabe agora com absoluta certeza, aconteceu bem antes do que apontava a versão oficial. É muito dinheiro, muito interesse em jogo, muita ganância. Isso mesmo. Fica claro que nesse processo o que mexe com as pessoas é a grana.
E somos obrigados (ou quase isso) a ouvir discursos pífios pautados em argumentos tacanhos, como o da permanência do jogador no Brasil. Como se fosse esse o objetivo dos donos de fatias do craque. Como se fosse esse o objetivo do séquito que cerca o talentoso atacante. Ora, poupem-nos. Se houve alguém preocupado em mantê-lo em dado momento foi o então presidente do Santos, Luís Álvaro de Oliveira, o "Laor", que pensou no futebol, no time mais forte, em ficar com o ídolo. E fechou aquele contrato, digno de um sonhador.
No meio disso tudo está Neymar, o jogador. Seu pai se refere a ele como estivesse falando de uma pobre criança incapaz de pensar. Alguém que deve transitar por aí sem preocupações além da bola. Mas falamos, sim, de um adulto, alguém que é pai, inclusive. Um homem que na próxima quarta-feira completará 22 anos. Portanto, maior de idade, responsável por seus atos. Se é merecidamente muitíssimo bem remunerado e tira proveito disso, também é responsável pelo que o cerca profissionalmente, inclusive seus contratos.
Não entrarei aqui no mérito desse chatíssimo assunto já explorado pelos companheiros nas duas últimas semanas, quando estive de férias. Se Neymar e seu pai estão certos, se cometeram alguma irregularidade, se os cartolas do Barcelona trapacearam ou se o DIS tem direito a mais algum cascalho... Há quem cuide disso, como a Receita Federal. Sigo sem entender porque o pai-empresário convocou a imprensa e fez um pronunciamento, vetando perguntas dos jornalistas. Se alguém nada teme, qual a razão para não ouvir questionamentos?
Depois ele participou do programa Bate-Bola na ESPN Brasil e, confuso, não explicou, discutiu, falou muito, disse pouco, quase nada. A alegação de que estava preocupado com um possível fracasso da seleção brasileira na Copa das Confederações foi um óbvio menosprezo à inteligência alheia. Ora, o cara veste a camisa 10, ganha mais do que os outros jogadores, é mais famoso, assediado, tem inúmeros contratos publicitários... E não quer correr riscos? Como assim? E se o Brasil vencesse e Neymar brilhasse, como aconteceu no torneio? Ora, bolas, "Seu" Neymar...
O que me parece claro é que são muitos os personagens movidos pelo dinheiro, o que provoca situações de confronto, omissão de acordos assinados há tempos e gera discursos contrangedores. E no meio disso tudo está Neymar. Se o seu staff errou, ele também errou. Se não cometeram deslize, ele também está tranquilo nesse rolo todo. O craque pode estar limpíssimo, ou seja, não ter cometido nada de irregular juntamente com os que o cercam. Mas não é um pobrezinho "inocente" que vive apenas para jogar bola. Basta do discurso patético que tenta fazer de um adulto uma eterna criança por conveniência.
Gazeta Press
Pai de Neymar, o atacante e o hoje presidente licenciado do Santos, Luis Álvaro de Oliveira
Pai de Neymar, o atacante e o hoje presidente licenciado Luis Álvaro: a idéia do Santos era tê-lo até 2014. Do Santos...