segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um prêmio para Guardiola

Alex Ferguson, Jupp Heynckes e Jürgen Klopp vão saber em janeiro qual deles será eleito o melhor técnico de 2013.
Levando em conta que Ferguson e Heynckes são, neste momento, treinadores inativos, e que Klopp não consegue fazer seu Borussia Dortmund avançar do terceiro lugar na Bundesliga, pode-se afirmar que o prêmio será entregue a quem não é o melhor treinador do mundo.
Não se está aqui especulando sobre Felipão. Sua chance de terminar a carreira com um prêmio desse porte é ganhar a Copa em julho, tornar-se o segundo na história a levantar dois Mundiais como treinador –só o italiano Vittorio Pozzo conseguiu isso em 1934 e 1938.
Também não se fala de Mourinho, que já espinafrou o prêmio da Fifa por não ter sido incluído entre os melhores do ano, coisa que de fato não foi.
A questão é Guardiola.
Vencedor em 2011, Guardiola foi apenas o terceiro no ano passado, quando o prêmio foi vencido por Vicente Del Bosque. Outro dia um amigo perguntou: "Qual técnico na Europa é apenas um boleirão, como os brasileiros?" A resposta: "Del Bosque é" convenceu-o.
Guardiola não é nem o científico pedante nem o empírico superado.
Das três edições do prêmio da Fifa para treinadores, ganhou só a segunda, por causa da derrota na semifinal da Champions League para a Inter de José Mourinho, ganhador em 2010, e para o Chelsea de Roberto Di Matteo em 2012. A Fifa não premia necessariamente o melhor. Dá o benefício a quem vence.
É o caso também do melhor jogador, mas com distorções menos explícitas. Neste ano, Cristiano Ronaldo tem tudo para vencer, porque jogou mais do que Messi.
Na Europa, cogita-se o troféu a Frank Ribéry. Não por ser o melhor jogador, mas por ter sido o mais importante atacante do time campeão da Europa, o Bayern.
O técnico mais vitorioso deste ano foi Jupp Heynckes, campeão europeu pelo Bayern seis meses depois de o clube alemão ter anunciado a contratação de Pep Guardiola.
Mais cinco meses, o Bayern ganhou o Mundial de Clubes. Não jogou o que poderia contra o Guanzhou da China e o Raja Casablanca. Mas Guardiola voltou à ativa com o Mundial de Clubes.
Seu Bayern é diferente.
Tem o maior tempo de posse de bola da Champions League, junto com o Barcelona.
O Barça tem o maior número de escanteios, estatística até a temporada passada dominada pelos alemães do Bayern. O técnico mudou, as estatísticas também.
Impossível dizer quando surgirá um treinador tão expressivo quanto Guardiola. Há três anos, parecia não haver rivais para José Mourinho, autointitulado The Special One.
É provável que ano que vem Guardiola não ganhe o prêmio de novo, preterido pelo campeão mundial de seleções. Não significará que o ganhador será o melhor do planeta.
A HERANÇA
Cuca tem razão ao dizer que deixará para Paulo Autuori um time com estilo, agressividade e confiança para vencer. A mesma confiança que Autuori precisa recuperar, após trabalhos ruins no Cruzeiro, Grêmio, Vasco e São Paulo. Hoje, Autuori precisa mais do Atlético do que o Atlético de Autuori.
REFORMA
Paulo Nobre admite ter dificuldade para montar um time competitivo. A estratégia de pagar menos salário e mais bônus só funcionará se a médio prazo também revelar jogadores. Há trabalho nisso, mas o clube é tímido em divulgar. Por ora, perdeu Uendel, que Kleina queria, para o Corinthians.