O 3-1-5-1 da Internazionale batia com o 4-3-1-2 do Milan da seguinte maneira: alas Jonathan e Nagatomo contra os laterais Constant e De Sciglio; No meio, Cambiasso vigiando Saponara, Taider e Zanetti pegando Muntari e Poli; Guarín versus De Jong; Palacio lutando com Zapata e Bonera; trio de zagueiros formado por Campagnaro, Rolando e Juan Jesus atentos a Balotelli e Kaká, que atuou como atacante para Luiz Felipe Scolari conferir no estádio.
Com tantos duelos individuais, a expectativa era pela vitória pessoal que desarticula a marcação matando a sobra. Não veio. O Milan teve 56% de posse de bola, rondou mais a área do rival e finalizou cinco vezes contra quatro no primeiro tempo. Mas apenas uma para cada lado na direção da meta.
A rigor, duas boas chances: Guarín quase encobriu Abbiati e Poli isolou após confusão na área adversária. Baixo nível técnico no duelo tático.
Olho Tático
O encaixe do 3-1-5-1 da Inter com o 4-3-1-2 rossonero no primeiro tempo sem vitórias pessoais para desequilibrar os duelos individuais.
Ao menos a disputa ficou mais aberta após o intervalo. Massimiliano Allegri foi o primeiro a trocar, tirando Constant e lançando Emanuelson. O time rossonero, porém, foi perdendo fluência com a falta de ideias no meio-campo que obrigava Balotelli e Kaká a recuar e tentar resolver nas jogadas individuais.
Até Walter Mazzarri começar a soltar sua equipe, confiante que seria possível voltar a vencer na Série A depois de três empates e uma derrota nas últimas rodadas. Primeiro tirou Taider e colocou o croata Kovacic, que tem mais características de "trequartista" - Guarín recuou para ocupar o lado direito. Depois sacou o veterano e exausto Zanetti, que se sacrificou no auxílio a Nagatomo, e mandou a campo o sérvio Kuzmanovic.
Allegri foi infeliz na segunda mudança: Matri por Saponara. Kaká teve boa atuação e deve ter agradado Felipão, mas já estava cansado para fazer a ligação do meio com o ataque.
TruMedia
Mapa de toques mostra Kaká com mobilidade na frente e no meio-campo, mesmo com o cansaço na segunda etapa.
A Inter avançou as linhas de vez, ocupou o campo de ataque, criou os espaços que antes eram negados pelos rubro-negros e passou a dar trabalho ao goleiro Abbiati.
Com o domínio, a cartada final e mais ousada de Mazzarri: o atacante Icardi no lugar de Cambiasso. Kuzmanovic foi jogar à frente do trio de zaga, Kovacic recuou para articular à esquerda. Era o mesmo 3-1-5-1, mas a ideia passou a ser propor o jogo com coragem.
Com um típico centroavante entre os zagueiros, Palacio pôde circular mais no ataque e infiltrar às costas do volante De Jong. Na jogada bem coordenada pela direita entre Jonathan e Guarín, o atacante argentino se deslocou com rapidez e desviou de letra. Um golaço que decidiu o clássico.
Olho Tático
Time neroazzurro não mudou o desenho tático, mas avançou as linhas, propôs o jogo e dominou o rival que perdeu o meio-campo com a saída de Saponara.
Com Pazzini no lugar de Poli e formando um tridente ofensivo com Matri e Balotelli, os rossoneri tentaram uma pressão descoordenada no final, mas não houve tempo. Nem talento.
Os neroazzurri acreditaram e pularam para o quinto lugar, na zona de classificação para a Liga Europa. É a realidade na temporada.
A do limitado Milan, que despenca para 13º, é ainda menos animadora. Difícil imaginar uma reação no returno. Resta a Liga dos Campeões, mas a camisa terá que "pesar no varal" em fevereiro diante do forte Atlético de Madrid.
