quinta-feira, 18 de julho de 2013

Bumbo, bandeiras, torcida em pé e sem camisa liberados no Maracanã

Em reunião realizada no auditório do Maracanazinho entre representantes de torcidas organizadas, Suderj, Polícia Civil e Polícia Militar, na manhã desta quinta-feira, foram liberados diversos elementos tradicionais observados nos estádios cariocas. O temor pela proibição de bandeiras, torcidas assistindo ao jogo em pé ou sem camisa foi liquidado após anúncio feito pelo secretário de Esporte e Lazer, André Lazaroni. Ele afirmou, contudo, que não será tolerada depredação de patrimônio e reforçou a presença de "um verdadeiro Big Brother" para identificar possíveis vândalos e individualizar esse tipo de conduta.
- Os elementos tradicionais serão liberados, o Gepe falará melhor sobre isso, mas serão permitidos bumbo, bandeira, torcida organizada assistindo ao jogo em pé, tirando camisa e rodando camisa como é tradição torcer aqui no Rio. No Sul, por exemplo, mantiveram a avalanche. Fogos não poderão mais, bandeirão terá restrições: só poderá ser aberto antes do jogo ou em comemoração de gols. Durante o jogo não será permitido. O tamanho dos mastros das bandeiras que entrarão nos estádios será definido pelo Gepe - afirmou.
Lazaroni ainda emitiu opinião sobre a inversão de lados das torcidas de Fluminense e Vasco no Maracanã, confirmado na quarta-feira:
- Sou tradicionalista. Na minha visão, teria de manter a tradição, mas o acordo do Fluminense é legítimo e temos de respeitar, pois não conseguiram sensibilizar o Fluminense. Mas eu, como parlamentar e cidadão, sou a favor da tradição. Vale o escrito, o Fluminense botou no papel e isso tem de ser respeitado. Tenho certeza que tudo vai correr bem, as organizadas estão entendendo o novo espírito do Maracanã - completou.
Reunião Torcidas organizadas (Foto: Vicente Seda)André Lazaroni, ladeado por líderes de organizadas e Gepe, discursa no Maracanã (Foto: Vicente Seda)
O sub-comandante do Grupamento Especial de Policiamento nos Estádios (Gepe), Major Silvio Luís, reafirmou que a mudança dos acessos facilita o trabalho da Polícia Militar no Maracanã.
- O Gepe já realiza escoltas e essa configuração de fato facilita o trabalho, porque a torcida do Vasco vem de São Cristóvão e a do Fluminense vem do lado oposto, então elas não têm como se encontrar. Mas independente dessa mudança o Gepe teria como fazer as escoltas sem
que as torcidas se aproximassem. A gente solicita que a torcida se informe porque é um Maracanã diferente, mas a ordem será mantida - agregou.
Maior preocupação das autoridades para o clássico do próximo domingo, a segurança, segundo André Lazaroni, será tratada de forma minuciosa.
- Teremos um verdadeiro Big Brother, conseguiremos individualizar a conduta. A gestão é privada mas o patrimônio é público, não vamos tolerar depredação - encerrou.
O sub-comandante do Gepe falou ainda sobre os materiais que serão permitidos:
- As organizadas hoje têm uma relação muito boa com a PM, o Gepe e a Polícia Civil e isso vem trazendo benefícios, porque conseguem realizar a sua festa, e quando tem momentos como esse, de proibir ou não, a gente passa a ter argumentos. O material é previamente levado
ao conhecimento do comando do Gepe e autorizado a entrar no estádio. Há algumas regras. A torcida organizada já sabe como deve agir, não traz prejuízo para o público comum. O mastro de bambu a gente já não tem esse cenário de ser usado como arma para violência há muito tempo
no Rio. Até o presente momento as bandeiras não têm trazido prejuízo mesmo com o bambu. Então o trabalho que vem sendo desenvolvido, vai continuar.
No fim, Lazaroni fez um apelo aos clubes para que criem setores mais baratos para as torcidas.
- Tem de haver preços mais acessíveis, mas isso é com clube e a Ferj. A gente roga aos clubes que pensem nos seus torcedores mais humildes, em setores mais baratos, e com a entrada em vigor da lei de meia-entrada limitando em 40%, que está tramitando no senado, vai melhorar. A grande reclamação dos produtores de evento é quanto a isso, que também influencia no preço. Creio que com essa lei seja possível fazer um preço mais acessível, mas lembrando que quem define preço não é consórcio ou Suderj, são os clubes.
Comandante do Núcleo de Apoio a Grandes Eventos (Nage) da Polícia Civil, o delegado Alexandre Braga disse que o entendimento entre autoridades e organizadas ganhou força a partir do ano passado.
- Em meados de 2012, fizemos um seminário na Academia de Polícia, chamamos o Gepe e as torcidas, e a partir de então houve um estreitamento grande do Gepe com a Polícia Civil, e também com as torcidas organizadas. Crimes não serão tolerados, especialmente os mais graves. Deixamos muito claro e demos início a uma série de investigações. Dissemos que a conversa era séria e as ações seriam feitas. As prisões foram feitas e quem não acreditou no discurso, hoje lamenta. A Polícia Civil está aberta ao diálogo, mas estabelecemos regras muito claras. Tenho certeza que o objetivo de todos aqui é o seguinte: não à violência. O futebol é para ser celebrado, é uma festa do povo, uma paixão nacional.