terça-feira, 7 de maio de 2013

Perigos e dores do clássico


São Paulo e Corinthians levaram a campo na semifinal do Campeonato Paulista as derrotas da Taça Libertadores no meio de semana. Diante da importância e a imposição da competição sul-americana, fazer a final representaria um ganho moral, o combustível fundamental para as partidas de volta contra Boca Juniors e Atlético-MG.
A missão são-paulina é extremamente difícil. O mínimo a fazer é vencer a equipe mineira por 2 a 0 no Estádio Independência, onde o time de Cuca não perde. Pior é que da partida contra o Corinthians não se extrai nada de bom. E ainda há que se considerar a contusão de Oswaldo, que pode tirá-lo do confronto e eliminar uma rota para o gol.
Reclamar da arbitragem não procede. Rogério Ceni passou do limite, do aceitável, na cobrança de pênalti de Alexandre Pato. No momento do contato do atacante com a bola, o goleiro estava dois metros além da linha do gol. Não cabe discussão.
O jogo, a bola rolando, produziu pouco. São Paulo e Corinthians jogaram abaixo do que poderiam, do que se esperava deles. A pressão e a intensidade mostradas na quinta-feira, contra o Atlético Mineiro, até a expulsão de Lúcio, não existiu no domingo.
São os perigos e as dores de um clássico. Tite superou o rival, mas deve estar se perguntando o que fazer para recuperar o futebol de seu grupo, principalmente como reconstruir o jogo no meio de campo, a preparação para os atacantes.
Com o horizonte da Copa do Brasil ainda ameno, o Santos enfrenta o Joinville pela Copa do Brasil antes da primeira final do Paulista. Pode ser uma vantagem. Vai depender de como o Corinthians sairá do embate com o time argentino.
Muricy Ramalho foi contratado dois anos atrás com a missão de equilibrar tática e talento. A geração conduzida por Neymar precisava de ajustes. Em 2010, quatro meses antes da Copa do Mundo, produziu a grande novidade técnica do futebol brasileiro na última década. Atacava como se o mundo fosse acabar, mas não conseguia se defender com a mesma intensidade.
Precisava de Muricy, de ajustes para tirar dos zagueiros toda a responsabilidade defensiva da equipe. Placares de 4 a 3 ou 5 a 4 são maravilhosos, mas é impossível um time sobreviver a eles o tempo todo. Assim funcionava o Santos antes de Muricy.
Com Ganso e seus problemas de contusão, era necessário moldar a equipe em torno do menino que desequilibrava jogo após jogo. Com um grupo superior ao atual, o time ajustou-se rapidamente para conquistar a Libertadores.
Embora tenha chegado a mais uma final, o Santos parece acomodado por ter o maior jogador do País. Hoje faltam companheiros que dialoguem com ele. Apesar da fase de pouco brilho, o clube demonstra estar convencido de que a simples presença de um dos mais geniais jogadores da atualidade basta para se reconstruir infinitamente.
Falta muita coisa. A contratação de Montillo ainda não produziu o efeito esperado, a criação de uma dupla letal com Neymar não foi além da expectativa. No ataque também não existem opções confiáveis. André, ótimo atacante em 2010, não empolga mais, e Miralles também não resolve.
A semifinal contra o Mogi Mirim foi pobre, não é a toa que o goleiro Rafael e suas defesas tenham colocado o time na final. Tomara que os jogos contra o Corinthians, também classificado nos pênaltis, mostrem mais do que foi revelado até agora nos dois lados da decisão.
Botafogo. Na linha de que Estadual é para quem precisa, poucos clubes necessitam mais dele do que o Botafogo. O time de Oswaldo Oliveira venceu o Fluminense na final da Taça Rio, levou os dois turnos e eliminou a decisão. Com receita minúscula e dívida gigantesca, vencer os rivais no quintal de casa ajuda, mas não diz nada sobre o futuro. Apesar da alegria, o perigo continua.