O holandês Clarence Seedorf, há pouco tempo no Brasil, já fez uma observação sobre a vida do Botafogo que ajuda a entender sua alma. O hino diz: não podes perder, perder pra ninguém. No Flamengo, diferentemente, fala-se: vencer, vencer, vencer. Embora essa percepção tenha um quê de livro de auto-ajuda e já tenha sido feita por jornalistas outras vezes, quando nasce na boca de um ídolo alvinegro ajuda a dirimir medos, aumentar a coragem de ser campeão.

Seedorf também já reparou na quantidade de imagens de ídolos do passado em todos os corredores por onde passam os jogadores do Botafogo. Não é problema que estejam lá. Mas é preciso estarem mescladas a imagens coloridas de camisas pretas e brancas. A ideia de que o Botafogo foi um clube vencedor necessariamente precisa estar ligada à certeza de que o Botafogo é um time de vitórias.

As duas observações juntas mais o trabalho realizado nos últimos dez anos em General Severiano fazem nascer um Botafogo diferente. O clube ainda não subiu todos os degraus para chegar a uma posição de disputar todos os títulos. Mas o terceiro título estadual em oito anos -- contraste com os nove anos de fila entre 1997 e 2006 -- conquistado de maneira inédita, com 100% de aproveitamento na Taça Rio, mostra que o Botafogo agora gosta de vencer.

"Agora vamos focar em ganhar a Copa do Brasil", disse o zagueiro Dória, na festa da taça.
Isso! Ambição!
Em dezembro, Seedorf, Fellype Gabriel e Jéfferson pediram à diretoria a permanência do técnico Oswaldo de Oliveira, conta a matéria da repórter Flávia Ribeiro, publicada na revista Placar deste mês. Queriam a continuidade do trabalho, não a manutenção do amigo.
Esse espírito pode ajudar o Botafogo a subir os degraus que ainda faltam.