terça-feira, 16 de abril de 2013

Uma arena de R$ 532 milhões para 43 mil pessoas em Manaus, onde clássico atrai 10% disso

Serão 44.310 lugares no na Arena da Amazônia, que substituirá o estádio Vivaldo Lima, o "Vivaldão", na cidade de Manaus. Custo: R$ 532,2 milhões. Infelizmente o campeonato amazonense tem pouquíssimo público. O povo manauara torce mesmo para times de outros Estados, especialmente Flamengo e Vasco, como constatam todas as pequisas já realizadas.

No site da Federação Amazonense os borderôs mais recentes são das semifinais do primeiro turno do campeonato estadual. Fast Club x São Raimundo teve 1,4 mil ingressos colocados à venda e apenas 565 foram adquiridos, gerando renda de R$ 3.650,00. Já Princesa x Penarol se enfrentaram diante de 1.135 pagantes. Sobraram 615 bilhetes. Renda: R$ 10.100,00

O clássico Nacional x Rio Negro, que registrou a vitória do "Naça" por 2 a 0, foi um sucesso de público para os padrões locais, com exatos 4.504 ingressos vendidos — 10,1% da capacidade da futura arena da capital do Amazonas. Ainda assim sobraram 396 (8% da carga total) nas bilheterias do Roberto Simonsen, mais conhecido como Estádio do Sesi.

Jecmania
O estádio do Sesi, em Manaus, palco dos jogos do campeonato amazonense
O estádio do Sesi, em Manaus, palco dos jogos do campeonato amazonense: arquibancadas vazias

Com ingressos entre R$ 5 e R$ 10, a arrecadação bruta chegou aos R$ 40.040,00, e a renda líquida foi de R$ 22.402,52, cabendo ao Nacional R$ 13.441,51 e ao Rio Negro R$ 8.961,01. Em março do ano passado, os rivais duelaram ante público ainda menor: 3.755. No atual certame, São Raimundo e Nacional jogaram no Sesi para 1.159 torcedores.

Também há jogos com públicos que não lotariam uma sala de cinema de shopping. Em 23 de fevereiro apenas 137 torcedores compraram ingressos para o duelo entre Iranduba e Penarol, na cidade de Rio Preto da Eva, a quase 80 quilômetros da capital amazonense. Jogando em Manaquiri, no Valdizão, inaugurado no ano passado e com cerca de 4 mil lugares, o Rio Negro atraiu apenas 304 torcedores na peleja diante do Princesa do Solimões.

Evidentemente ninguém que goste de futebol fica feliz ao constatar tais números. Mas eles estão aí, fingir que não existem não fará com que a futura "arena" lote nos jogos de futebol disputados no Amazonas. Existe uma realidade do esporte local que deve ser encarada. Só assim alguém poderá fazer algo para modificar tal cenário.

Há praticamente um ano, em 19 de abril de 2012, o jornal "A Crítica" publicou resultado de pesquisa feita com a população manauara — clique aqui e leia. O cidadão pedia mais segurança (23,7%), Água (14,2%), saúde (13,6%), saneamento (13,1%), infraestrutura (11,7%), transporte (11%), reclamou dodesemprego (5,6%), do trânsito (3,8%) e pediu mais investimentos na educação (1%).

É o aspecto mais interessante do estudo. Poucos habitantes da capital do Amazonas pedia apoio à educação. O contraponto? Apenas 1,1% dos entrevistados reivindicou mais lazer e esporte. É óbvio que um estádio de futebol nos padrões da Fifa está muito longe dos anseios de quem mora em Manaus. Mas ainda assim há quem diga que conhece o Amazonas. Será?

Veja análise de Mauro Cezar Pereira sobre estádios da Copa do Mundo!