terça-feira, 2 de abril de 2013

Seleção periquito


POR LUIZ GUILHERME PIVA
O Pelé tem razão.
É melhor usar um time como base da seleção.
Um conjunto já treinado, calejado, acostumado a batalhas, adversidades e incertezas.
O Palmeiras.
Que, além de tudo, tem elenco para isso.
Henrique e Maurício Ramos na zaga: altura, experiência, comando e rápida capacidade de se desesperar e subir pra fazer gols, muito mais do que Dante, David Luiz e Tiago Silva, que não se desesperam nem fazem gol há muito tempo.
Vejam: estes três são zagueiros de times fortes, que jogam no ataque e retêm a bola – além de serem protegidos pelos meias. Não são testados! Mal pegam na bola numa temporada inteira!
Não jogam sob pressão, massacrados noventa minutos pelo alto, por baixo, pelos lados, como Henrique e Maurício Ramos, que cobrem os laterais e os meias, fazem as vezes de atacantes, voltam no contra-ataque e com frequência tiram a bola em cima da linha, fazendo a cobertura do goleiro e a deles mesmos, que deveriam estar na zaga mas estavam suprindo desesperadamente outras posições!
É óbvio, estatístico, probabilístico, que Henrique e Maurício Ramos teriam – como de fato ocorre – que sofrer mais gols, falhar mais. Mas é tecnicamente indiscutível, pelo acima exposto, que são melhores e mais entrosados do que os zen-budistas da seleção.
No meio, Marcio Araújo e Vilson têm mostrado velocidade, poder de marcação, fôlego, persistência, entrega, abnegação, penitência, sacrifício e fé para reterem, com suor, preces e dedos nos diques, o maremoto dos adversários.
Nem sempre conseguem, como mostra o tsunami do Mirassol. Mas é da vida, poxa, é do jogo, futebol é isso, bola pra frente.
E eles não desanimam. Seguem combatendo, lançando, correndo – e marcando gols, coisa que Hernanes, Fernando, Luiz Gustavo, Jean, Paulinho e Arouca, convocados com frequência para a seleção, não fazem: vai ver são descrentes, incréus, sabe-se lá o quê.
No ataque, é indiscutível: Leandro!
Cinco gols em oito jogos incompletos! De tempo útil, deve dar uns cinco ou seis jogos. Um gol por jogo! Não há ninguém, convocado ou não, que iguale sua marca! Nem no Brasil nem no mundo! E é o único atacante do Palmeiras que marca gols nos últimos meses! Um fenômeno!
Na armação, Wesley é perfeito para compor a base: ele falha, perde a bola, cai, erra passe, é fominha, mas tem um ótimo entrosamento com Leandro e – desde a época do Santos – Neymar. Melhor ainda se Ganso vier a compor o meio-campo: Vilson, Márcio Araújo, Ganso e Wesley! Na frente, Leandro e Neymar!
Uaaaauuuuu!!! Sem exagero, admitam: é um carrossel!, um allegro de Paganini!, uma mazurca de Brahms!, um scherzo de Mozart!, Altamiro, Jacob e Rafael Rabelo, uma catarata de cores, sons, passos, uma torrente de brilhos, risos, gozos e glórias!
Pronto.
A base tá formada.
Só faltam o goleiro e dois laterais.
Se bem que Diego Cavalieri, que é da escola palmeirense, serviria tranquilamente no arco.
Agora, lateral é difícil!
Weldinho ainda é novo, Juninho também. Ayrton e Marcelo Oliveira estão recuperando a melhor forma.
É.
Dá pra usar o Daniel Alves e o Marcelo por enquanto.
Pode ser.
Por enquanto, por enquanto!
___________________________________