terça-feira, 2 de abril de 2013

Final da Superliga: Quase 70% do Sollys já foi 'vira-casaca'; na Unilever, Natália é a vilã


Natália era a grande estrela do Osasco até 2011
Natália era a grande estrela do Osasco até 2011
Enquanto o futebol tem inúmeras rivalidades em todo o país, o vôlei nacional alimenta somente uma que já dura quase uma década. Sollys/Nestlé e Unilever, ou Osasco e Rio de Janeiro, são os dois maiores rivais da Superliga feminina e, em 2013, farão a final da competição pela nona vez consecutiva, consolidando a hegemonia que ambos detêm na modalidade nos últimos anos. E, dentro de quadra, as duas equipes também têm muito em comum, já que, em todas as temporadas, acabam ‘trocando’ jogadoras – mesmo que estas acabem sofrendo muito com a pressão da torcida no futuro.

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Entre as principais jogadoras de vôlei do Brasil, todas já passarão por Osasco ou Rio de Janeiro em alguma fase da carreira. Entre as campeãs olímpicas em 2012, por exemplo, todas as sete titulares já estiveram ou ainda estão em uma das duas equipes. E não é diferente com as finalistas da Superliga 2012/2013. Em mais uma decisão, seis das 12 jogadoras que estarão em quadra reencontrarão seu antigo clube na disputa pelo título.

Do lado de Osasco, a ponteira Jaqueline, a oposta Sheilla, a central Thaísa e a levantadora Fabíola já vestiram a camisa do Rio de Janeiro em alguma oportunidade na carreira. Já entre as titulares cariocas, a experiente meio-de-rede Valeskinha também já jogou pelo time paulista, além da ponteira Natália, que é sempre o grande alvo da torcida do Sollys/Nestlé em eventuais confrontos entre as duas equipes.
Divulgação
Jaqueline jogou no Rio de Janeiro entre 2004 e 2006
Jaqueline jogou no Rio de Janeiro entre 2004 e 2006

A capitã Jaqueline foi ‘cria’ do Osasco e se lançou para o mundo do vôlei com o clube paulista. Ela começou a carreira no Sport, em Recife, e foi ‘descoberta’ pelo time de Osasco – que na época se chamava BCN/Osasco -, mas trocou de camisa em 2004, quando foi contratada pelo Rio de Janeiro – que ainda era patrocinado pela Rexona. Lá, ela ficou por dois anos e foi campeã da Superliga 2005/2006 justamente em cima de seu atual clube.

No caso de Sheilla, as memórias dos tempos de Rio de Janeiro são muito mais recentes. A oposta defendeu as cores da Unilever ainda de 2010 até a temporada passada, quando perdeu o título da Superliga para o Sollys/Nestlé – e, algumas semanas depois, acertou sua transferência para o time de Osasco. Pelo Rio de Janeiro, Sheilla foi campeã do torneio nacional em 2010/2011 e tentará repetir o feito neste domingo, desta vez estando do outro lado da quadra, com o Sollys/Nestlé.

A central Thaísa, ‘carioca da gema’, começou a despontar no vôlei nacional justamente quando jogava pelo Rio de Janeiro, entre 2005 e 2008. Foi de lá que ela conseguiu vaga na seleção brasileira, onde se firmou até virar titular e conquistar dois ouros olímpicos, em 2008 e 2012. A equipe carioca, porém, ‘perdeu’ a meio-de-rede para o maior rival justamente depois dos Jogos de Pequim, quando o Sollys/Nestlé decidiu contratá-la.

Já para Fabíola a lembrança do Rio de Janeiro é muito distante. A jogadora de 30 anos ainda era ponteira quando jogou pela equipe carioca, em 2000 – que à época ainda era Rexona – aos 17 anos e foi treinada pelo técnico Bernardinho. O treinador foi, inclusive, o responsável por uma mudança drástica na vida de Fabíola: foi com ele que ela começou a treinar de levantadora e, daí em diante, mudou de posição, ganhando chances na seleção brasileira e chegando ao auge jogando pelo Sollys/Nestlé, onde chegou em 2011 e já foi campeã como a melhor jogadora em quadra no ano passado.
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Protesto da torcida do Sollys/Nestlé contra 'vira-casaca' Natália
Protesto da torcida do Sollys/Nestlé contra 'vira-casaca' Natália

Do lado do Rio de Janeiro, o caso mais ‘polêmico’ foi o de Natália, também cria do Osasco que acabou indo para o rival. A ponteira foi formada na equipe paulista e foi a grande estrela do time na Superliga 2009/2010, quando ajudou o time a conquistar o tetracampeonato da competição após cinco anos de derrotas consecutivas para a Unilever. Em 2011, porém, Natália foi contratada pelo Rio de Janeiro e frustrou a torcida do Sollys/Nestlé. A ponteira não atuou na temporada passada por conta do tumor que teve na panturrilha – ela ficou quase um ano fora das quadras -, mas voltou no ano passado e tem sido uma das grandes armas da equipe carioca nesta campanha da Superliga.

Por tudo isso, Natália será o grande alvo dos torcedores do Sollys/Nestlé que comparecerão ao ginásio do Ibirapuera neste domingo para mais uma final entre Osasco e Rio de Janeiro. Na outra oportunidade em que esteve no ginásio da equipe paulista ainda pela primeira fase da Superliga, a ponteira já sofreu com os xingamentos da torcida e também com faixas a chamando de ‘mercenária’,

Já Valeskinha não precisará se preocupar com as ofensas da torcida que, provavelmente, mal se lembra que a central já defendeu as cores de Osasco antes de se destacar no Rio de Janeiro. A meio-de-rede jogou lá entre 2001 e 2007, quando o time ainda chamava BCN/Osasco e depois Finasa, e só foi para a Unilever três anos depois, em 2010, tendo passado por outros três clubes fora do Brasil antes disso.

Levando em consideração todas essas trocas, pode-se considerar que a final deste domingo será um ‘reencontro de amigas’ fora de quadra, já que todas as jogadoras se conhecem muito bem pela convivência que tiveram nas próprias equipes ou na própria seleção brasileira. Entre as ‘seis linhas’, porém, a amizade fica de lado para mais um grande clássico do vôlei brasileiro que, pela nona vez consecutiva, definirá o campeão da Superliga feminina.
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Sheilla jogou pela Unilever até 2012
Sheilla jogou pela Unilever até 2012