segunda-feira, 25 de março de 2013

Inversão de papéis


Paulo Gregoraci tem 58 anos e, como a idade indica, não poderá substituir Valdivia no clássico de hoje, contra o Santos. Mas é justa a metáfora de que a camisa 10 da reconstrução do Palmeiras lhe foi entregue na última segunda-feira.
Desde a campanha de Paulo Nobre, dizia-se que caberia a este publicitário, vice-presidente da agência de WMccann, sócio de Washington Olivetto, a missão de ser a versão verde de Luis Paulo Rosenberg, no Corinthians.
Ou uma espécie de Armênio Neto, criador do plano de marketing responsável pela permanência de Neymar no Santos e cogitado semanas atrás para trabalhar no Palmeiras, com Gregoraci. Não existe marketing sem vitória.
Mas o deserto de ideias das últimas décadas permite agora transformar as marcas dos clubes em dinheiro, craques e taças.
O Santos é um exemplo disso. Nos últimos três anos, a receita cresceu 181% na Vila Belmiro. Saiu de R$ 70 milhões em 2009 para R$ 198 milhões em 2012. Desse total, 25% (R$ 49 milhões) vem do marketing.
O resultado não está apenas na galeria de troféus. Os títulos e a permanência de Neymar produziram uma coleção de artigos em jornais de todo o mundo, que enchem um armário na sala da presidência.
O Palmeiras não quer ser Santos. Quer apenas números de crescimento semelhantes. Gregoraci contratou Marcelo Gianubilo, ex-Unimed, e os dois trabalharão com José Carlos Brunoro, o carregador de piano do projeto. A ambição é arrecadar R$ 45 milhões com publicidade em camisa e triplicar o número de sócios-torcedores. Zero vezes zero não é igual a zero. Paulo Nobre calcula colocar R$ 3 milhões por mês com sócios-torcedores, a médio prazo.
Incrível como ao mesmo tempo em que o Palmeiras esboça seguir bons exemplos, o Santos vive crise política que o aproxima da torre de babel alviverde dos últimos tempos. Gente ilustre como Walter Schalka, da Votorantim, deixou o conselho gestor. Dirigentes importantes, como Pedro Luís Nunes Conceição, ampliam divergências políticas da diretoria. O grupo que rompeu o feudo de Marcelo Teixeira rachou.
A olho nu ainda não se vê o desmando, mas há sinais. Na semana passada, Neymar chegou atrasado. Não foi multado nem afastado do time. Na quarta-feira, o atraso foi de André. Nada de multa, por coerência, mas Muricy tirou-o do time --ele merecia, é verdade.
Palmeiras e Santos jogam hoje um clássico sem estrelas, insosso como tem sido o Paulistão. Ambos sabem o caminho certo para melhorar: fazer receita e evitar a política corrosiva. As direções dos dois clubes hoje andam em direções contrárias às de tempos recentes.