terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Grêmio pensa em reduzir avalanche sem eliminá-la. Projeto pró-avalanche pode ter criado problema


Após 'avalanche', grade que separa a arquibancada do gramado cedeu no duelo Grêmio x LDU
Após 'avalanche', grade que separa a arquibancada do gramado na Grêmio Arena cedeu no duelo Grêmio x LDU

O Grêmio pensou em tem ter degraus mais curtos nas arquibancadas atrás dos gols da Arena, para beneficiar os torcedores da geral, os que criaram a avalanche. No estádio Olímpico, a inclinação dos degraus era de 23 graus. Na Arena, 17. 
Os degraus mais curtos ampliam a velocidade da descida dos torcedores, e isso pode ter contribuído para a queda da grade e para o acidente da semana passada, em Grêmio x LDU. É isso o que conta o presidente da Grêmio Empreendimentos, Eduardo Antonini.
Sua intenção é manter o setor sem cadeiras atrás dos gols, mas há resistência do Corpo de Bombeiros. Leia abaixo a entrevista com o presidente da Grêmio Empreendimentos.

PVC - É correto dizer que o projeto mudou no meio do caminho para acolher a avalanche?
ANTONINI - 
Olha, houve diversas fases do projeto. Em 2006, quando fizemos o conceito do estádio, a área atrás dos gols tinha cadeiras. Mas desde que contratamos a OAS e fizemos o projeto executivo, a intenção sempre foi privilegiar a avalanche. Não mudou desde aquele momento.

PVC - O que, então, pode ter causado o acidente da semana passada?
ANTONINI - 
Há duas perícias sendo feitas. Quem viu a área do acidente, os técnicos disseram que a multidão até retorceu os ferros. Veja que cada parafuso daquele tem capacidade de aguentar duas toneladas. Como são quatro parafusos em cada haste, cada uma delas tem condição de suportar oito toneladas. O diagnóstico é de que aquilo funciona como se fosse um carro de Fórmula 1. Ele vai rompendo para não matar o piloto. Nessa análise, a grade suportou tudo o que poderia suportar. Se suportasse mais tempo, poderia esmagar uma pessoa.

PVC - Nesse cenário, parece difícil encontrar um ponto em que a grade não ceda nem esmague as pessoas...
ANTONINI - 
Esse é o desafio. Um dos fatores que podem ter contribuído para o acidente é que a inclinação dos degraus foi projetada para favorecer a avalanche. A inclinação dos degraus no estádio Olímpico era de 23 graus e na Arena é de 17 graus. A arquibancada atrás do gol ficou quase uma rampa. Com a velocidade maior, os torcedores chegam mais rapidamente ao final da arquibancada.

PVC - E há solução para manter a avalanche?
ANTONINI - 
Nossa intenção é manter, mas é preciso conversar com o Corpo de Bombeiros. Pelo projeto do estádio, queríamos baratear um dos setores, não elitizar. Já temos os camarotes, já temos os locais de preço alto. Aquela área foi projetada para ter preços populares. Na partida da Libertadores, tínhamos ingressos de R$ 150 e na área da avalanche custava R$ 40, por não ter cadeiras, por ser um setor mais barato.

PVC - Não é possível vender ingressos baratos com cadeiras? É barato o ingresso a R$ 40?
ANTONINI - 
Era o preço da arquibancada do estádio Olímpico. Nós temos uma relação importante com o Olímpico, do que o gremista fazia no Olímpico. Não queremos perder isso.

PVC - Mas R$ 40 parece ser porque se está vendendo no Brasil ingresso pelo dobro do preço em vez de combater o problema da meia entrada.
ANTONINI - 
Isso é verdade. Aquele setor é projetado para ser 2 por 1. Ou seja, sem as cadeiras, ele comporta oito mil pessoas. Com as cadeiras, essa capacidade cairia para quatro mil torcedores. Não é nossa intenção. Hoje, a capacidade do estádio é de 60 mil presentes. Cairia para 55 mil espectadores. Na parte de cima daquele setor, há aquilo que se chama de para-avalanche, a proteção que diminui a velocidade da descida. Uma possibilidade é aumentar o número desses bloqueios para limitar a descida dos torcedores. Outra hipótese é acabar com ela, o que não desejamos.