sábado, 1 de dezembro de 2012

Tigre na final da Sul-Americana: melhor para o São Paulo, mas nem tanto...

O São Paulo se livrou de perder seu estádio para Madonna, da altitude de Bogotá e do time de Rentería e Cosme na decisão da Sul-Americana.

É favorito ao título continental, mas o surpreendente Tigre mostrou ao longo do torneio virtudes que podem complicar o tricolor paulista. Em Buenos Aires e, sim, na tão desejada decisão no Morumbi.

O time argentino, nas fases anteriores à semifinal, arrasou Argentinos Jrs, Deportivo Quito e Cerro Porteño em casa com quatro gols por jogo e foi derrotado fora duas vezes. Já diante do Millonarios sofreu no Monumental Victoria no empate sem gols, mas soube jogar com concentração atrás e esperar a jogada aérea na Colômbia.

Na melhor arma ofensiva da equipe, o gol “qualificado” do zagueiro Echeverria. O empate com gols inócuo para o oponente só foi cedido quando o time colombiano não tinha mais tempo para ir além do chute de Perlaza que o goleiro Albil aceitou.

No El Campín, o time do técnico Néstor Gorosito fechou com Leone e Orban o forte lado direito do Millonarios e o volante Ferreiro negou espaços ao cerebral meia Candelo. Ainda assim, o veterano camisa dez apareceu livre na área, mas a conclusão foi displicente. 

Como a atuação dos colombianos - confirmando a fama, às vezes injusta, de desleixados - até se transformar em desespero depois do gol do Tigre. Mais uma vez, o favoritismo atrapalhou.
Olho Tático
Campinho Millonários Tigre 1
No 3-4-1-2 habitual, o Tigre fechou o lado esquerdo com Leone, bloqueou Candelo e contra-atacou com Botta e Maggiolo
O time argentino alinhou cinco homens na defesa com o recuo dos alas Galmarini e Orban como laterais e isolou Maggiolo à frente. Congestionou a própria área e defendeu o resultado favorável. 
Menos mal para o São Paulo que o critério de gols marcado como visitante não vale para a decisão.

Olho Tático
Campinho Millonários Tigre 2
Na pressão final do Millonarios, o time argentino se entrincheirou com cinco na última linha defensiva
A equipe de Ney Franco, porém, tem com o que se preocupar: apesar da penúltima colocação no Torneio Inicial na Argentina com apenas uma vitória em 16 jogos, na Sul-Americana o Tigre joga com intensidade em casa marcando à frente e abusando da bola aérea.

Fora, antes um problema, se compactou bem defensivamente e foi organizado. Também é humilde para jogar por um contragolpe ou chuveirinho e marca melhor no um contra um que a Universidad Católica. Porém terá problemas para encaixar o 3-4-1-2 habitual no 4-2-3-1 são-paulino.

Com bola no chão, as armas ofensivas são poucas: as infiltrações em diagonal de Galmarini pela direita e as jogadas de Botta, “enganche” mais vertical que Perez García.

O time brasileiro é infinitamente superior. Mas se os argentinos voltarem a encaixar uma boa atuação em seus domínios e repetirem a postura e a concentração sem a bola da semifinal no Morumbi...

Na prática, é uma final sul-americana contra argentinos. Convém não arriscar e dobrar atenção e seriedade.